MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 4 de dezembro de 2011

Após prejuízos, produtores baianos reclamam de falta de apoio agrícola

 

Produtores esperavam receber o garantia-safra, benefício do governo.
Ministério do Desenvolvimento Agrário contestou os dados da EBDA.

Do G1 BA, com informações da TV São Francisco
Por causa da seca que atinge o sertão da Bahia, a área de dois hectares de Seu Osmar está praticamente abandonada. No final do ano passado ele chegou a plantar as duas culturas, mas só colheu prejuízos. Sem dinheiro para investir na plantação deste ano ele já pensa em deixar a vida no campo.

“Eu tinha galinha, vendia o ovo, e agora eu tenho que vender as galinhas também. Então agora nem galinha nem ovo. Se não acontecer alguma coisa, a gente vai ter que largar isso aqui”, lamenta Osmar Ferreira, agricultor.
Seu Manoel também enfrenta dificuldades. A plantação de milho e feijão não vingou. Confiante, ele usou uma parte do dinheiro da aposentadoria, única fonte de renda, para arar o terreno. A esperança é de que em breve chova o suficiente para viabilizar a colheita. Mas enquanto a chuva não vem, o agricultor acumula dívidas.

"A gente já planta, aí cai aquela chuvinha e no veraozão a planta morre todinha. A gente vai e torna a plantar de novo para ver se dá alguma coisa... Aí não chove, então perde de novo”, conta Manoel Gomes, agricultor.
Com tantos prejuízos acumulados, os produtores esperavam receber o garantia-safra, benefício dado pelo governo aos agricultores que sofreram perdas no campo, seja pela seca ou pelo excesso de chuvas. Eles contavam com este dinheiro para investir novamente na plantação, mas até agora os produtores dizem que não receberam nada.
A Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) é o órgão responsável por comprovar as perdas, elaborar um relatório e enviar para o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que manda o dinheiro para os agricultores. O gerente regional da EBDA afirma que realmente houve perda acima de 50% na área de sequeiro, mas, de acordo com ele, o Ministério do Desenvolvimento Agrário contestou os dados e por isso o dinheiro ainda não foi enviado.
"Acharam que houve ocorrëncia de ganho de produtividade na lavoura e a gente mostrou através de dados do IBGE, dados da própria EBDA e do sindicato, que houve perdas acima de 50%”, explica Osvaldo Lopes, gerente regional da EBDA.
O MDA se baseou em dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia, que apontavam a ocorrência de chuvas no sertão da Bahia. Segundo análises do laboratório meteorológico da Universidade Federal do Vale do São Francisco, de janeiro a abril deste ano choveu cerca de 90% da média esperada para a região.
Um meteorologista acredita que as chuvas que caíram na regiao de Carnaíba do Sertão não foram suficientes para garantir a colheita.

“Houve uma distribuição de chuvas um pouco abaixo da média para o período. Não só em Carnaíba do Sertão, mas em outros pontos aqui da região, a gente tem informações de que a distribuição de chuvas ao longo deste período da estação chuvosa foi bastante irregular em alguns pontos, ou seja, a qualidade da chuva necessariamente não foi igual à nossa aqui. Então, em cima dessa variação, que é grande, tanto temporal quanto espacial, é possível que em determinadas áreas, a produção agrícola tenha sido prejudicada, porque ou aconteceram chuvas fortes e depois pararam – isso é comum acontecer -, ou essa chuva foi fina em determinados instantes, ou quando mais se precisou de chuva, naquela fase mais necessitada de água, essa chuva não veio”, pondera Mário de Miranda, meteorologista.
O secretário de Agricultura de Juazeiro diz que o município já entrou com um pedido de revisão dos laudos enviados ao MDA e aguarda a nova decisão do Ministério.

“Esperamos que este mês o MDA resolva esta questão, analise com muita atenção essa realidade, porque os laudos técnicos foram muito bem acompanhados e, além de tudo isso, toda uma equipe técnica vem acompanhando esta realidade, no que foi o período de chuvas do ano passado”, pontua Agnaldo Meira, secretário de Agricultura.

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