MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 18 de dezembro de 2011

Comunidade quilombola participa de projeto para valorização do trabalho

 

No plano Brasil Sem Miséria, a valorização do trabalho estimula a produção.
Milhares de agricultores e criadores deixaram condição de pobreza extrema.

Do Globo Rural
Barreiros é uma comunidade quilombola, no município de Itaguaçu da Bahia. É um povoado formado basicamente por agricultores, que têm uma história em comum. Quase todos são descendentes de escravos que, no passado, trabalhavam nas fazendas da região.
Os séculos passaram e a tradição de lavrar a terra permanece viva na comunidade. O principal produto agrícola da região é a mandioca, cultivada em quase todos os sítios. Somando Barreiros e algumas outras comunidades vizinhas, a área plantada fica em torno de 200 hectares.
Além de plantar e colher a mandioca, as famílias da região sempre tiveram o costume de produzir farinha em mutirão. O problema é que, em um lugarejo tão pobre e distante, vender a produção sempre foi um problema. A falta de comprador criava um problema crônico: os agricultores produziam pouco, a casa de farinha funcionava em marcha lenta e as famílias passavam necessidades.
A realidade de pobreza extrema começou a mudar em 2008, quando a farinha passou a ser comprada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do Ministério da Agricultura. A operação faz parte do Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar. Após assinar um contrato com a associação local, a Conab se tornou uma compradora regular.
Além de farinha, a Conab também compra vários outros produtos de milhares de pequenos sitiantes espalhados pelo país: milho, arroz, feijão, leite, ovos, mel e geleias. Uma parte dos alimentos segue para os estoques reguladores do governo e, a outra parte, vai parar na mesa de famílias carentes. A ampliação desse programa é um dos pilares do plano Brasil Sem Miséria. A meta é, até 2014, garantir a compra regular da produção de 445 mil famílias de pequenos sitiantes, a maior parte deles extremamente pobres.
Em Barreiros, a compra garantida provocou uma série de mudanças. Nas lavouras, a produção aumentou, a casa de farinha foi ampliada e as famílias resolveram apostar em outros derivados de mandioca. No início, as agricultoras faziam apenas alguns tipos de bolos e biscoitos, em pequena quantidade. Com o tempo, a produção foi ganhando volume.
Nessa etapa, foi decisiva a contribuição do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que também é parceiro do programa. Atendendo a um pedido das próprias agricultoras, os técnicos da entidade organizaram uma série de cursos com o objetivo de transformar a produção simplória em atividade profissional.
Com os treinamentos, a elaboração de derivados de mandioca se tornou mais moderna e padronizada, sem perder o charme caseiro. A cozinha passou por reformas e as agricultoras ampliaram a produção de bolos, biscoitos, tortas, sucos e pudim. Em 2011, o volume de aquisições foi de mais de R$ 300 mil.
A produção organizada também permitiu que a associação conquistasse novos clientes. Atualmente, os mercados da região já ficam com 40% de tudo o que é produzido. O resultado desse trabalho é o aumento de renda da comunidade. Pelas contas da associação, a venda de derivados de mandioca e dos outros produtos garante hoje um ganho médio, por mês, de cerca de R$ 500 para cada família.
Com mais dinheiro girando, aos poucos, o povo de Barreiros foi saindo da situação de pobreza extrema. Era o início de uma nova fase. Daniela Bastos, que faz parte da associação, aproveitou a subida de renda para investir nos estudos. Com perseverança, a jovem conseguiu cursar e concluir a faculdade de Letras, em Itaguaçu. Foi primeira moradora de Barreiros a conquistar um diploma superior. Hoje, Daniela trabalha como professora de português na comunidade.

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