Cacique de acampamento está desaparecido desde sexta passada (18).
Índios guarani-kaiwá reivindicam a propriedade da área atacada.
Genito Gomes, de 29 anos, filho do cacique de 59 anos, que está desaparecido em MS
(Foto: Tatiane Queiroz/G1 MS)
Apesar do clima de tensão e do ataque contra membros da etnia, os índios do acampamento Guaiviry, situado na faixa de fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, afirmam que não vão deixar o local. “A terra é nossa e não vamos sair dela. O sangue do meu pai não foi derramado nessa terra e não foi em vão. Vamos ficar e lutar pelo que é nosso”, afirmou o índio Genito Gomes, de 29 anos, filho do cacique de 59 anos, que está desaparecido desde a última sexta-feira (18).(Foto: Tatiane Queiroz/G1 MS)
O G1 esteve no local acompanhado de uma escolta de quatro policiais da Força Nacional de Segurança e três lideranças indígenas.
Indígenas mostram local onde cacique teria sido
atingido (Foto: Tatiane Queiroz/G1 MS)
Os indígenas, da etnia guarany-kaiwá, afirmam que o cacique foi morto a tiros durante um ataque feito por aproximadamente 40 homens. Eles relatam ainda que o corpo do cacique foi arrastado e colocado em uma caminhonete.atingido (Foto: Tatiane Queiroz/G1 MS)
No acampamento, os índios demarcaram com uma armação feita com folhas, galhos e bambus o local onde o cacique foi atacado. Na área, que fica a pouco menos de 100 metros da cabana onde o cacique dormia, há vestígios de sangue e uma cápsula de bala de borracha. “Foi bem aqui que mataram ele”, disse apontando para o local, o índio Francisco Amarilha, de 42 anos, que é familiar do cacique.
Rituais religiosos também estão sendo realizados no acampamento desde o último sábado (20). "Durante os rituais o cacique nos respondeu que voltou para o lugar de onde veio”, explicou ao G1 um dos líderes da etnia guarany-kaiwá, Tonico Benites. Ele diz que a religião indígena acredita que após a morte o espírito volta ao seu local de origem. “Para nós, essa é a comprovação de que o cacique está morto”, afirmou ele.
Terra Indígena
Cerca de 150 índios guarani-kaiwá estão no acampamento Guaiviry, que atualmente ocupa uma área de 20 hectares, situada entre fazendas nos municípios de Aral Moreira e Amambaí, que encontra-se em estudos para identificação de terras indígenas.
Barraco de lona e bambu onde o líder guarani-kaiwá estava quando foi atacado (Foto: Tatiane Queiroz/G1 MS)
Segundo informações da Fundação Nacional do Índio (Funai) essa é a terceira vez que o grupo indígena ocupa o local desde 2008, quando o Ministério Público Ministério Federal (MPF/MS) firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para iniciar os procedimentos de identificação da área.O coordenador regional da Funai, Silvio Raimundo da Silva, explicou ao G1 que área faz parte da terra Amambai Peguá, que possui aproximadamente 20 mil hectares e está sendo reivindicada por cerca de 10 grupos indígenas, incluindo os do acampamento Guaiviry.
Ainda segundo informações da Funai, no cone sul do estado existem 36 aldeias indígenas e cinco acampamentos.
Investigações
A Polícia Federal abriu inquérito para investigar o caso, e representantes do MPF/MS estiveram no local na última sexta-feira (18). A perícia policial colheu fragmentos de munição e vestígios de sangue. Os exames devem apontar se as amostras são de material humano.
Nesta segunda-feira (21), uma equipe da Polícia Federal esteve no acampamento coletando material genético de Genito e de um irmão dele para, em caso de localização do corpo do líder, fazer a identificação.
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