Na safra 2010/2011, houve desmate de 11,7 mil hectares no bioma.
Monitoramento quer identificar se produtores cumprem Moratória da Soja.
Ministra Izabella Teixeira durante assinatura de
renovação da Moratória da Soja na Amazônia (Foto:
Lucas Cyrino/G1)
O Ministério do Meio Ambiente e representantes de setores da sociedade civil anunciaram nesta quinta-feira (13) que o acumulado do plantio de soja na Amazônia em área desmatada na safra 2010/2011 praticamente dobrou em relação ao período anterior.renovação da Moratória da Soja na Amazônia (Foto:
Lucas Cyrino/G1)
Segundo dados do ministério, a soja da safra 2009/2010 foi plantada em 6,2 mil hectares de floresta derrubada desde 2006. A soja da safra 2010/2011 foi plantada, de acordo com o estudo, em área de 11,7 mil hectares de vegetação nativa desmatada desde 2006.
O objetivo do monitoramento, feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), é verificar se produtores rurais cumprem a legislação denominada Moratória da Soja. O pacto, que vigora desde 24 de julho de 2006, impede que novas áreas de floresta sejam derrubadas para o plantio do grão e proíbe quaisquer negociações de grandes empresas brasileiras e estrangeiras com aqueles que descumprirem a norma.
De acordo com o MMA, a área onde com plantio de soja na nova safra corresponde a 0,4% do desmatamento ocorrido no bioma e está distribuída pelos estados de Mato Grosso, Pará e Rondônia, que engloba 52 municípios e 98% da produção do grão controlada por entidades como a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). Até 2010, havia plantio de soja em 1,94 milhão de hectares da região denominada Amazônia Legal, segundo o Inpe.
"Estamos mudando a cultura em termos de desmate amazônico, isso é importante para a cultura, isso é importante para o mundo. Valeu a pena, foi um trabalho árduo. A moratória faz parte da nossa rotina do dia-a-dia", disse o presidente da Abiove, Carlo Lovatelli.
Para Bernardo Rudorff, coordenador do projeto no Inpe, grande parte da soja plantada em áreas não autorizadas pelo ministério do Meio Ambiente tem como destino a China.
"Devido à grande demanda de grãos, o país tem outra cultura de comercialização e acaba procurando direto o proprietário da plantação, sem passar por entidades conveniadas. Mas mesmo olhando os dados, percebemos que a soja não é a grande vilã no desmatamento", disse.
Segundo o monitoramento do Prodes, que informa a taxa de desmatamento na Amazônia, em 2010, último dado divulgado, 7.000 km² de floresta foram suprimidos.
Safra da soja no Brasil alcancou 74 milhões de
toneladas entre julho de 2010 e julho de 2011
(Foto: TV Globo)
Código Florestaltoneladas entre julho de 2010 e julho de 2011
(Foto: TV Globo)
Durante o evento, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, renovou até 31 de janeiro de 2013 o pacto da Moratória da Soja na Amazônia, assinado pelos representantes do setor e organizações ambientais como Greenpeace, Conservação Internacional e WWF.
De acordo com Bernardo Pires, coordenador ambiental da Abiove, apesar da renovação, o pacto deverá sofrer alterações nos próximos períodos devido às modificações no Código Florestal. "A moratória não deverá ser extinta, mas modificada. A nova lei vai trazer mais segurança jurídica à cultura e por conta disto vamos ter que alterar o projeto", afirmou.
A safra de soja no Brasil no período 2010/2011 foi de 74 milhões de toneladas, com grãos plantados em uma área de 24 milhões de hectares. A expectativa da Abiove é que a produção 2011/2012 alcance 75 milhões de toneladas.
Produtores criticam moratória
Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja, Glauber Silveira, a moratória do grão desconsidera o fato de que essas áreas plantadas podem estar localizadas em terras adquiridas legalmente para o plantio. "Não somos favoráveis ao desmatamento ilegal, mas também não apoiamos a moratória. Quem tem que dizer se a área pode ser cultivada ou não é a lei", afirmou.
De acordo com Silveira, este tipo de acordo prejudica o produtor brasileiro num momento em que a fronteira agrícola da soja se expande em outros países sul-americanos. A Confederação Nacional de Agricultura (CNA) também defende que se avalie a legalidade das áreas. Para o vice-presidente da entidade, Assuero Doca Veranez, os dados apresentados pelo Inpe são pouco relevantes. "Estamos falando de uma área de 11,7 mil hectares de plantação em área desmatada, enquanto a área total de plantio é muito maior", disse Veranez.
*Com informações do Globo Natureza
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