Empresas anunciam produtos e serviços por meio de jingles.
Em alguns casos, rádio aumenta o gasto médio do cliente.
Na frente da loja, o vendedor anuncia: “bolsas no atacado e no varejo, bolsas, carteiras, mochilas”. Com a ação de baixíssimo custo, a loja consegue mais retorno do que muitos investimentos em propaganda. Só com os gritos, o vendedor traz para a casa mais de 40 clientes por dia.
“O pessoal olha assim, chama a atenção. A promoção chama a atenção, fica uma coisa bonita e o pessoal vai entrando”, afirma o vendedor Felipe Wolf.
A empresa de Vladimir Batalha especializou no marketing auditivo. Com a experiência de mais de 30 anos como radialista, Batalha hoje monta rádios internas para lojas. É como uma rádio tradicional, só que transmitida pela internet. A programação alterna músicas e mensagens planejadas para aumentar as vendas. Quando montou a empresa, em 1996, Batalha abriu um mercado inexplorado no Brasil.
“Não havia ninguém profissionalmente no mercado. Partindo dessa idéia, começamos a implementar “, afirma. O empresário investiu R$ 200 mil no negócio. Comprou equipamentos de som, computadores, montou escritório e um estúdio de gravação.
Na empresa trabalham 16 pessoas, entre produtores, operadores de áudio, programadores e locutores. “A função de uma programação musical dentro de uma loja é fazer com que ela vibre e que junto com a vibração dela o cliente também vibre (...). Essa vibração faz com que o cliente sinta vontade de consumir mais”, afirma Marcos Aloisi, gerente de programação.
A empresa só faz a programação da rádio, e o próprio dono da loja instala os equipamentos de transmissão – um computador e o sistema de som. São mais de 30 programações por mês. A empresa cobra apenas pela manutenção. Faz contratos longos de um ano ou mais. A programação da rádio custa a partir de R$ 120 por mês, com direito a uma alteração a cada 15 dias.
Em 1998, uma rede de lojas de roupas instalou rádios em 130 unidades em todo o país. As lojas são muito grandes, em média 3 mil metros quadrados cada uma, e nem sempre o consumidor tem tempo e paciência de percorrer tantas seções espalhadas. A maneira de fazer o cliente conhecer as novidades sem sair do lugar está nas dezenas de alto-falantes instalados por todo o teto da loja.
O sistema toca músicas atuais, identificadas com o público: 70% são mulheres de 20 a 45 anos. No meio da programação, o locutor anuncia coleções novas, produtos diferentes e promoções.
“A gente vai pontualmente num produto, e o pega como essa echarpe, por exemplo, que eu nem me toquei, nem vim comprar e acabei comprando pelo som da loja”, diz a cliente Luciana Soares.
A gerente de marketing Marcella Carvalho não tem dúvidas de que a rede fez um bom negócio: a rádio aumenta o gasto médio do cliente. “Com certeza, a audição é um dos sentidos mais importantes. Então a gente está sempre privilegiando um clima agradável, um clima onde ele queira ficar na loja o máximo de tempo possível interagindo com a marca, e aí rádio surgiu por causa disso”, diz.
Outra rede de lojas de roupas instalou a rádio interna há um mês, e já notou resultados. A programação tem músicas atuais bem ao gosto do público: é uma loja popular movimentada e a rádio ameniza o desconforto nos momentos de pico. “Fila é estressante, você está ouvindo uma musiquinha, acaba até passando mais rápido, acho que é legal”, diz a consumidora Silvana Almeida.
Para o consultor Fauze Mattar, as mensagens sonoras devem ser planejadas com um conjunto de ações sensoriais, como o visual da loja e até aromas no ar. A estratégia torna o ambiente agradável e pode até controlar o movimento do consumidor de acordo com as necessidades da loja. “Se a loja está muito cheia, ele pode colocar músicas mais agitadas, de tal forma que as pessoas acabam intuitivamente realizando as compras mais rapidamente e ficando menos tempo na loja.”
Para a loja, a rádio é um marketing simples e eficiente. “Nosso público é C e D e ela foi feita para esse cliente. Além disso, a gente consegue colocar as nossas promoções, campanhas, a gente consegue conversar com o cliente através da rádio”, diz a gerente, Simone Padilha.
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