Na abertura do seminário, o ministro do MDA, Paulo Teixeira, destacou a centralidade do tema da reforma agrária no Brasil. “A reforma agrária é uma necessidade no país. Grande parte da propriedade agrícola brasileira está voltada à produção de commodities para exportação, enquanto uma parcela menor é destinada à produção de alimentos. Historicamente, sempre que a reforma agrária avançou, a elite agrária contribuiu para rupturas democráticas, o que evidencia a sua importância como um tema político e social estratégico”. Francisco Dal Chiavon, representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), relembrou como o Estatuto da Terra serviu de base legal para as primeiras ocupações de terras realizadas pelo movimento. “Utilizávamos o Estatuto para garantir o direito à terra assegurado pela Constituição. Nos anos 1960, a reforma agrária foi pensada para integrar o campo ao capitalismo ou, nos países socialistas, para impulsionar o socialismo. Hoje, o cenário é outro, mas a luta permanece. Para nós, a reforma agrária vai além da integração econômica, ela busca promover justiça social e estabelecer um modelo produtivo capaz de atender às necessidades alimentares do povo brasileiro”, afirmou.
Outro aspecto destacado por ele é a visão do Estatuto de que nenhuma terra é inviável para a reforma agrária. “A Constituição Federal determina que as terras que não cumprem sua função socioambiental devem ser desapropriadas. O Estatuto da Terra complementa essa diretriz, estabelecendo que, se uma propriedade não for adequada para a reforma agrária, ela pode ser destinada a projetos de pesquisa, educação ou conservação ambiental. Assim, terras que não cumprem seu papel social devem ser desapropriadas, pois sempre podem ser destinadas a algum uso que beneficie a sociedade”. O
ministro Paulo Teixeira também mencionou avanços recentes nas políticas
de reforma agrária, incluindo modalidades para aquisição de terras,
como créditos fundiários, adjudicação de propriedades de grandes
devedores e transferências de terras de bancos públicos. Ele reafirmou a
meta de incorporar 300 mil famílias ao programa de reforma agrária,
reconhecendo que este número não é o ideal, mas que demonstra avanços e
compromisso por parte do governo brasileiro. Sobre o Estatuto da Terra
Inscrições: SEMINÁRIO “60 ANOS DO ESTATUTO DA TERRA” |
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