Historicamente,
as mulheres enfrentam grandes desafios para ocupar posições de
liderança no agronegócio. No entanto, esse cenário vem mudando
gradualmente. Dados da Fundação Getúlio Vargas (2018) indicam que,
atualmente, as mulheres ocupam 34% dos cargos gerenciais no setor
agropecuário brasileiro.
No
Rio Grande do Sul, segundo estimativas de 2019, 4,4% da população do
estado estava empregada no setor rural, totalizando 498.410 pessoas —
sendo 352.439 homens (71% do total) e 145.701 mulheres (29%). Esse
percentual é superior ao da população geral do estado, onde 51% são
mulheres e 49% são homens.
Nesse
contexto, uma pesquisa conduzida pelo pesquisador Christian Foguesatto,
com apoio do programa de bolsas SEMEAD PQJr e da Cactvs, trouxe um
olhar aprofundado sobre o impacto do Programa Nacional de Alimentação
Escolar (PNAE) na vida das mulheres rurais. O estudo explora como essa
política pública, além de fortalecer a agricultura familiar, pode
promover a participação ativa das mulheres na economia local, oferecendo
a elas maior autonomia e independência financeira.
Com
uma sólida formação em Administração, Mestrado e Doutorado em
Agronegócio, e um segundo Doutorado em Administração, Cristian tem
dedicado sua carreira ao estudo das dinâmicas das mulheres rurais e dos
desafios específicos que enfrentam. Sua pesquisa foca em como o PNAE,
que destina recursos à compra de alimentos da agricultura familiar para a
alimentação escolar, pode ser uma ferramenta de transformação social e
econômica para as mulheres no campo.
Emancipação e autonomia financeira
A
pesquisa se concentrou na realidade de diversas mulheres do Rio Grande
do Sul, onde o PNAE tem se mostrado uma política eficaz, com recursos
bem alocados para a compra de alimentos de pequenos produtores. Os
resultados indicaram que, ao participarem das licitações do programa,
muitas mulheres não apenas garantiram uma fonte de renda adicional, mas
também assumiram o controle de suas finanças.
“O
PNAE tem sido uma porta de entrada para muitas mulheres que antes não
tinham poder de decisão sobre o dinheiro em casa. Com o programa, elas
passaram a gerenciar seus próprios recursos, abriram contas bancárias e
começaram a administrar as finanças familiares. Isso trouxe uma sensação
de autonomia e independência que antes não existia”, afirma Cristian.
Em
vez de depender de outros para a gestão financeira, muitas mulheres
começaram a tomar decisões ativas sobre o dinheiro de suas famílias,
representando um avanço significativo em um contexto de forte
patriarcado nas pequenas propriedades rurais.
Desenvolvimento local e fortalecimento da agricultura familiar
Outro
aspecto relevante da pesquisa foi o impacto do PNAE na economia local. O
programa não só assegura que alimentos frescos cheguem às escolas, mas
também impulsiona a economia regional. O estudo revelou que, ao vender
seus produtos diretamente para as escolas, as mulheres contribuem de
forma decisiva para o fortalecimento da agricultura familiar e
incentivam o consumo de alimentos produzidos localmente.
"Além
de melhorar a alimentação das crianças, o PNAE reduz a distância entre
produtores e consumidores. Em vez de buscar alimentos em grandes centros
urbanos, as escolas compram diretamente de quem produz nas redondezas,
fortalecendo a economia local e beneficiando a comunidade como um todo",
explica o pesquisador.
A
pesquisa também destacou que o apoio financeiro proporcionado pelo
programa incentiva as mulheres a continuar investindo na agricultura
familiar, uma alternativa viável e sustentável para o sustento das
famílias. A possibilidade de vender diretamente para as escolas garante
uma fonte de renda mais estável e segura, o que ajuda a mitigar o êxodo
rural.
Divulgação dos resultados para a comunidade
Reconhecendo
a importância de disseminar esses resultados além do meio acadêmico,
Cristian, em parceria com a professora Raquel Breitembach, está
elaborando uma cartilha com as conclusões da pesquisa. O material será
distribuído em sindicatos de trabalhadores rurais, cooperativas e outras
organizações do meio rural, visando garantir que as mulheres rurais
tenham acesso às informações de forma prática e acessível.
“Queremos
que as mulheres saibam que o PNAE pode ser uma ferramenta importante
para melhorar suas vidas e suas comunidades. A pesquisa não deve se
restringir ao meio acadêmico, mas ser compartilhada e aplicada de
maneira prática”, afirma Cristian.
O PNAE como caminho para a igualdade
A
pesquisa conclui que o Programa Nacional de Alimentação Escolar
desempenha um papel fundamental não apenas na melhoria da alimentação
escolar, mas também no empoderamento das mulheres rurais. O estudo
mostra como o PNAE pode ser uma poderosa ferramenta para a conquista da
autonomia financeira, o fortalecimento da agricultura familiar e a
promoção do desenvolvimento local.
“Este
estudo é um exemplo claro de como políticas públicas bem implementadas
podem transformar a vida das pessoas. O PNAE demonstrou que, com apoio e
oportunidades, às mulheres rurais podem se tornar mais independentes,
adquirindo maior poder de decisão sobre suas vidas e suas comunidades”,
conclui o pesquisador.
Sobre a Cactvs Educa
Desde
2021, a Cactvs Educa incentiva pesquisadores brasileiros a desenvolver
estudos no setor econômico, especialmente em microfinanças e
microcrédito. Em 2025, a empresa ampliará esse apoio, oferecendo mais
vinte bolsas de estudo para pós-graduandos, com seleção transparente
realizada em parceria com universidades. Até agora, a Cactvs já investiu
1,88 milhão de reais em pesquisa. A instituição de pagamento se dedica a
promover o crescimento dos microempreendedores, oferecendo
funcionalidades financeiras em um único aplicativo, incluindo conta
digital sem tarifas, transações via Pix, pagamento de boletos,
transferências e saques em caixas eletrônicos.
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