quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Pesquisa aponta como o Programa Nacional de Alimentação Escolar pode fortalecer a autonomia das mulheres rurais

 

Pesquisa aponta como o Programa Nacional de Alimentação Escolar pode fortalecer a autonomia das mulheres rurais

Historicamente, as mulheres enfrentam grandes desafios para ocupar posições de liderança no agronegócio. No entanto, esse cenário vem mudando gradualmente. Dados da Fundação Getúlio Vargas (2018) indicam que, atualmente, as mulheres ocupam 34% dos cargos gerenciais no setor agropecuário brasileiro. 


No Rio Grande do Sul, segundo estimativas de 2019, 4,4% da população do estado estava empregada no setor rural, totalizando 498.410 pessoas — sendo 352.439 homens (71% do total) e 145.701 mulheres (29%). Esse percentual é superior ao da população geral do estado, onde 51% são mulheres e 49% são homens.


Nesse contexto, uma pesquisa conduzida pelo pesquisador Christian Foguesatto, com apoio do programa de bolsas SEMEAD PQJr e da Cactvs, trouxe um olhar aprofundado sobre o impacto do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) na vida das mulheres rurais. O estudo explora como essa política pública, além de fortalecer a agricultura familiar, pode promover a participação ativa das mulheres na economia local, oferecendo a elas maior autonomia e independência financeira.


Com uma sólida formação em Administração, Mestrado e Doutorado em Agronegócio, e um segundo Doutorado em Administração, Cristian tem dedicado sua carreira ao estudo das dinâmicas das mulheres rurais e dos desafios específicos que enfrentam. Sua pesquisa foca em como o PNAE, que destina recursos à compra de alimentos da agricultura familiar para a alimentação escolar, pode ser uma ferramenta de transformação social e econômica para as mulheres no campo.


Emancipação e autonomia financeira

A pesquisa se concentrou na realidade de diversas mulheres do Rio Grande do Sul, onde o PNAE tem se mostrado uma política eficaz, com recursos bem alocados para a compra de alimentos de pequenos produtores. Os resultados indicaram que, ao participarem das licitações do programa, muitas mulheres não apenas garantiram uma fonte de renda adicional, mas também assumiram o controle de suas finanças.


“O PNAE tem sido uma porta de entrada para muitas mulheres que antes não tinham poder de decisão sobre o dinheiro em casa. Com o programa, elas passaram a gerenciar seus próprios recursos, abriram contas bancárias e começaram a administrar as finanças familiares. Isso trouxe uma sensação de autonomia e independência que antes não existia”, afirma Cristian.


Em vez de depender de outros para a gestão financeira, muitas mulheres começaram a tomar decisões ativas sobre o dinheiro de suas famílias, representando um avanço significativo em um contexto de forte patriarcado nas pequenas propriedades rurais.


Desenvolvimento local e fortalecimento da agricultura familiar

Outro aspecto relevante da pesquisa foi o impacto do PNAE na economia local. O programa não só assegura que alimentos frescos cheguem às escolas, mas também impulsiona a economia regional. O estudo revelou que, ao vender seus produtos diretamente para as escolas, as mulheres contribuem de forma decisiva para o fortalecimento da agricultura familiar e incentivam o consumo de alimentos produzidos localmente.


"Além de melhorar a alimentação das crianças, o PNAE reduz a distância entre produtores e consumidores. Em vez de buscar alimentos em grandes centros urbanos, as escolas compram diretamente de quem produz nas redondezas, fortalecendo a economia local e beneficiando a comunidade como um todo", explica o pesquisador.


A pesquisa também destacou que o apoio financeiro proporcionado pelo programa incentiva as mulheres a continuar investindo na agricultura familiar, uma alternativa viável e sustentável para o sustento das famílias. A possibilidade de vender diretamente para as escolas garante uma fonte de renda mais estável e segura, o que ajuda a mitigar o êxodo rural.


Divulgação dos resultados para a comunidade

Reconhecendo a importância de disseminar esses resultados além do meio acadêmico, Cristian, em parceria com a professora Raquel Breitembach, está elaborando uma cartilha com as conclusões da pesquisa. O material será distribuído em sindicatos de trabalhadores rurais, cooperativas e outras organizações do meio rural, visando garantir que as mulheres rurais tenham acesso às informações de forma prática e acessível.

“Queremos que as mulheres saibam que o PNAE pode ser uma ferramenta importante para melhorar suas vidas e suas comunidades. A pesquisa não deve se restringir ao meio acadêmico, mas ser compartilhada e aplicada de maneira prática”, afirma Cristian.


O PNAE como caminho para a igualdade

A pesquisa conclui que o Programa Nacional de Alimentação Escolar desempenha um papel fundamental não apenas na melhoria da alimentação escolar, mas também no empoderamento das mulheres rurais. O estudo mostra como o PNAE pode ser uma poderosa ferramenta para a conquista da autonomia financeira, o fortalecimento da agricultura familiar e a promoção do desenvolvimento local.


“Este estudo é um exemplo claro de como políticas públicas bem implementadas podem transformar a vida das pessoas. O PNAE demonstrou que, com apoio e oportunidades, às mulheres rurais podem se tornar mais independentes, adquirindo maior poder de decisão sobre suas vidas e suas comunidades”, conclui o pesquisador.


Sobre a Cactvs Educa

Desde 2021, a Cactvs Educa incentiva pesquisadores brasileiros a desenvolver estudos no setor econômico, especialmente em microfinanças e microcrédito. Em 2025, a empresa ampliará esse apoio, oferecendo mais vinte bolsas de estudo para pós-graduandos, com seleção transparente realizada em parceria com universidades. Até agora, a Cactvs já investiu 1,88 milhão de reais em pesquisa. A instituição de pagamento se dedica a promover o crescimento dos microempreendedores, oferecendo funcionalidades financeiras em um único aplicativo, incluindo conta digital sem tarifas, transações via Pix, pagamento de boletos, transferências e saques em caixas eletrônicos.


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