O
empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan, se manifesta sobre as
discussões em torno da jornada 6x1. Confira o posicionamento abaixo:
"Tenho
acompanhado as discussões em torno da jornada de trabalho 6x1 e vejo
que estão criando uma polêmica onde não precisa. Os parlamentares
deveriam estar mais preocupados em solucionar os problemas já existentes
ao invés de criar uma nova situação que pode impactar diretamente a
vida dos trabalhadores e também a sustentabilidade das empresas.
O
brasileiro não quer trabalhar menos, ele quer, acima de tudo, viver
melhor, com mais conforto, mais segurança, saúde, educação e
independência. Quer ter uma melhor condição de vida e não viver de
esmolas do Estado.
Ao
conversar com nossos colaboradores, percebo que a maioria deseja
oportunidades para trabalhar, crescer e se desenvolver. Recentemente, na
inauguração de uma loja Havan no Rio Grande do Sul, uma colaboradora me
disse: “Prefiro trabalhar aos domingos do que pedir emprego na
segunda-feira”. Esse comentário reflete aquilo que as pessoas querem,
que é a segurança de uma renda fixa e um ambiente de trabalho estável.
Nossa
equipe de Recursos Humanos fez um levantamento que apontou que, uma
possível mudança na jornada 6x1, geraria um custo adicional de 70%. Isso
de uma hora para a outra. O que não afetaria apenas as empresas, mas
também os consumidores, que enfrentariam preços mais altos. E sabemos
que quando a inflação aumenta, impacta nos preços dos produtos,
destruindo o poder de compra das famílias, especialmente as de menor
renda.
Na
realidade, os empresários são meros repassadores de custos e isso recai
sobre a população que perde parte do valor real dos salários. Até
porque é praticamente impossível diminuir a jornada de trabalho sem
reduzir os salários.
Se
nós, na Havan, trabalhamos com 6x1, para eu fazer uma jornada 4x3
precisaria colocar outro turno. Mas, com isso, surge um novo problema,
porque hoje o mercado não conta com mão-de-obra disponível. Com 6% de
desemprego, muito dessa falta de colaborador é impactada por problemas
das ajudas governamentais, em as pessoas não querem mais trabalhar com
carteira assinada.
Falo
sempre que nos Estados Unidos, por exemplo, não tem nada disso. Não tem
o Estado tutelando toda a economia. E eu pergunto: hoje tem mais
brasileiros indo trabalhar nos EUA ou tem mais americanos querendo
trabalhar no Brasil?
Em
vez de discussões populistas, que servem para dividir a população em
contra e a favor, colocando as pessoas contra os empresários, acredito
que o foco deveria ser construir caminhos para garantir a estabilidade e
o desenvolvimento para todos.
Não
se pode resolver os problemas das pessoas com uma canetada. Isso é
posição de burocratas. Afinal, se fosse tão simples assim, bastaria, por
exemplo, aumentar o salário mínimo para R$ 10 mil por mês que todos
comeriam picanha e viajariam para o exterior nas férias. Só que, na
prática, um salário maior requer uma produtividade também maior. Isso só
ocorre com educação e qualificação do profissional.
Novamente,
o que vemos é uma polêmica desproporcional, onde estes parlamentares
estão desconexos com a realidade dos problemas do Brasil".
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É autorizada a veiculação do manifesto apenas na íntegra.
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