"O tema deste ano é 'Melhorando o diagnóstico para a segurança do paciente', acompanhado do slogan 'Faça certo, torne seguro'."
São Paulo, 10 de setembro de 2024 – No
próximo dia 17 de setembro, a Organização Mundial da Saúde (OMS)
celebra o Dia Mundial da Segurança do Paciente. Este ano, a campanha tem
como tema “Melhorando o diagnóstico para a segurança do paciente”,
acompanhado do slogan “Faça certo, torne seguro”.
A
OMS destaca a gravidade dos erros de diagnóstico, que são responsáveis
por quase 16% dos danos evitáveis nos sistemas de saúde. A insegurança
no atendimento é um problema significativo de saúde pública, afetando
milhões de pacientes globalmente. Estudos mostram que, em média, 12% dos
pacientes sofrem danos em diferentes contextos de atendimento médico,
evidenciando que mais de um em cada dez pacientes é impactado por
eventos adversos resultantes de cuidados inseguros. Aproximadamente 12%
desses eventos adversos causam incapacidade permanente ou morte. Além
disso, quase 50% dos danos causados por cuidados inseguros foram
considerados evitáveis.
Estima-se
que anualmente ocorram 134 milhões de eventos adversos em hospitais de
países de baixa e média renda, contribuindo para cerca de 2,6 milhões de
mortes. Globalmente, 1 em cada 20 pacientes sofre danos evitáveis
causados por medicamentos, evidenciando um desafio significativo em
todos os sistemas de saúde. Mais da metade, ou seja, 53%, desses danos
ocorre durante a fase de prescrição, o que destaca a necessidade urgente
de aprimorar as práticas de segurança relacionadas aos medicamentos.
Nas
Américas, a segurança do paciente foi reconhecida como uma prioridade
nas políticas nacionais de saúde em 57% dos países. Mais da metade
desses países estabeleceu padrões mínimos de segurança para suas
instalações de saúde, e há uma base sólida em programas de controle de
infecção e segurança dos medicamentos.
Causas de mortes no mundo - A
doença cardíaca isquêmica lidera as estatísticas globais de
mortalidade, responsável por 13% do total de mortes no mundo. Em 2021,
essa condição resultou em 9,1 milhões de mortes. O COVID-19 ficou na
segunda posição, com 8,8 milhões de mortes registradas no mesmo ano.
Na
sequência, o acidente vascular cerebral (derrame) e a doença pulmonar
obstrutiva crônica foram as terceira e quarta principais causas de morte
em 2021, correspondendo a aproximadamente 10% e 5% do total de mortes,
respectivamente.
Realidade no Brasil –
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um relatório alarmante
sobre o aumento global de erros médicos. No Brasil, o Anuário de
Segurança Assistencial Hospitalar, publicado pelo Instituto de Estudos
de Saúde Suplementar (IESS), revela que cinco pessoas morrem a cada
minuto no país devido a erros médicos, totalizando quase 55 mil
pacientes por ano.
Desde
2013, o Ministério da Saúde estabeleceu o Programa Nacional de
Segurança do Paciente, que inclui protocolos básicos essenciais para
garantir a segurança dos cuidados, como: identificação correta do
paciente, cirurgia segura, prevenção de úlceras por pressão, higiene das
mãos em serviços de saúde, prevenção de quedas e segurança na
prescrição, uso e administração de medicamentos.
No
entanto, muitos estabelecimentos ainda falham em implementar esses
protocolos de forma eficaz. Problemas como a falta de medição de
indicadores, a ausência de acompanhamento da adesão dos profissionais
aos protocolos, a inadequação da infraestrutura para fornecer cuidados
seguros e a insuficiência de profissionais continuam a ser desafios
significativos.
O papel dos pacientes e famílias na redução de erros médicos – Os
familiares e paciente podem ajudar a reduzir as falhas médicas? Sim.
Pacientes e suas famílias podem, de fato, contribuir para a redução dos
erros médicos. O diagnóstico correto e oportuno depende de uma
colaboração eficaz entre pacientes, familiares, cuidadores,
profissionais de saúde, líderes de assistência médica e formuladores de
políticas.
O
envolvimento e a capacitação dos pacientes são ferramentas essenciais
para melhorar a segurança no atendimento. Pacientes, familiares e
cuidadores podem atuar como observadores atentos da condição do paciente
e alertar os profissionais de saúde sobre novas necessidades ou
mudanças no quadro clínico. Com informações adequadas e uma comunicação
clara, eles podem ajudar a ser os "olhos e ouvidos" do sistema de saúde.
No
entanto, muitos países, especialmente os de baixa e média renda, como o
Brasil, ainda enfrentam desafios significativos na implementação dessas
práticas. Em muitos casos, pacientes não têm a oportunidade de
expressar plenamente seus sintomas ou preocupações durante as consultas,
muitas vezes sendo interrompidos pelos médicos. Como resultado, podem
acabar aceitando diagnósticos incorretos ou inadequados. Essa realidade
destaca a necessidade urgente de melhorar a comunicação e o envolvimento
do paciente no processo de cuidado para garantir diagnósticos mais
precisos e seguros.
Uma
das ferramentas que muitas instituições tem adotado para reduzir estas
falhas é o processo de acreditação. “"A acreditação estabelece uma série
de procedimentos e protocolos que as instituições adotam para reduzir
falhas e otimizar todo o processo, garantindo maior segurança ao
paciente. A campanha deste ano é extremamente eficaz, destacando-se pelo
foco na melhoria do diagnóstico, que representa um dos maiores desafios
do setor, onde um diagnóstico correto e oportuno pode ser crucial para
salvar vidas. Sem dúvida, a ONA – Organização Nacional de Acreditação –
desempenha um papel fundamental nesta iniciativa", destaca Gilvane
Lolato, gerente de Operações da ONA.
Acreditação das instituições de saúde no Brasil
– O processo de acreditação é voluntário. A instituição que se
candidatar a ter uma acreditação passará por avaliação criteriosa por
organismos de acreditação, como a ONA – Organização Nacional de
Acreditação. Atualmente, das mais de 380 mil organizações de saúde no
país, conforme Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES),
1.712 são acreditadas por metodologias nacionais ou internacionais. A
ONA detém 72,1% do mercado de acreditação, totalizando mais de 1.300
certificados, dos quais 424 são hospitais. Ao todo, 1.359 organizações
são acreditadas pela ONA, sendo 68,4% de gestão privada, 22,2% de gestão
publica, 8,3% da gestão filantrópica e 0,1% de gestão militar.
Programas de segurança dos pacientes na grade acadêmica nos cursos de medicina
- Embora não haja dados exatos sobre o número de faculdades que
oferecem especificamente programas ou cursos dedicados à "Segurança do
Paciente", algumas instituições de destaque no Brasil já integraram
esses temas em seus currículos. Faculdades públicas renomadas, como a
Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
incorporam tópicos relacionados à segurança do paciente em seus cursos
de medicina.
Essas
instituições reconhecem a importância de preparar futuros médicos para
enfrentar desafios relacionados à segurança dos pacientes, promovendo a
conscientização e a prática de protocolos de segurança desde o início da
formação acadêmica. No entanto, ainda há espaço para a expansão e o
fortalecimento desses programas em outras faculdades, a fim de garantir
que todos os profissionais de saúde sejam bem preparados para contribuir
para a segurança e qualidade do atendimento.
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