Foto: Alessandro Grussu via Flickr
A Assembleia Geral da ONU encerrou o ano de 2023 com o total de 21 resoluções condenando as ações de países específicos. Destas, 14 foram contra Israel e apenas 7 contra outras nações.
Países
como Coreia do Norte, Síria, Mianmar e Irã, conhecidos pelo histórico
de violações aos direitos humanos, receberam apenas uma condenação cada.
A Rússia, que segue em guerra de agressão contra a Ucrânia e cometeu
diversas violações na Crimeia, foi contemplada duas vezes. Os Estados
Unidos também receberam uma condenação pelos embargos a Cuba.
Hillel Neuer, diretor executivo da UN Watch, organização não-governamental de vigilância às ações das Nações Unidas, se manifestou
sobre as condenações a Israel, classificando-as como “surreais”, com o
propósito de “demonizar o Estado judeu”, o que fomenta o crescimento das
manifestações antissemitas ao redor do mundo.
“O
ataque desproporcional da ONU contra o Estado judeu mina a
credibilidade do que deveria ser um organismo internacional imparcial”,
disse Neuer em um comunicado à imprensa. Ele ainda destaca que os
ataques desproporcionais a Israel apenas ressaltam que “a maioria
automática da ONU não tem interesse em ajudar verdadeiramente os
palestinos, nem em proteger os direitos humanos de ninguém; o objetivo
dessas condenações rituais e unilaterais é fazer de Israel o bode
expiatório”.
André Lajst, presidente-executivo da StandWithUs Brasil,
explica que o tratamento desigual da ONU em relação a Israel já vem de
longa data, com um histórico extenso de preconceito e perseguição, mas
esse viés tem ficado cada vez mais claro desde os atentados terroristas
do Hamas de 7 de outubro. "É lamentável e inadmissível que um órgão como
a ONU, bem como suas agências, criadas com os propósito de promover a
paz entre as nações depois da Segunda Guerra Mundial, tenha esse
posicionamento – condenar desproporcionalmente um país que defende seu
povo após sofrer o maior atentado terrorista da sua história, enquanto
ignora não só atrocidades feitas com a população israelense, mas também
as ações de diversas ditaduras sanguinárias pelo mundo”, ele afirma.
Em relação à disparidade de tratamento também no que diz respeito ao sofrimento de sua população, Israel criticou a ONU
pela resposta tardia a respeito das violências sexuais cometidas pelo
Hamas contra mulheres israelenses. A agência ONU Mulheres apenas emitiu
um comunicado
sobre as acusações de crimes sexuais durante a guerra, condenando
“inequivocamente os ataques brutais do Hamas”, no dia 1º de dezembro,
quase dois meses depois do início do atentado.
Em 21 de dezembro, o assunto entrou em pauta novamente na ONU com a fala de Pramila Patten,
representante especial do secretário-geral para a violência sexual em
conflitos, que apelou à libertação imediata, segura e incondicional de
todos os civis israelenses que estão mantidos como reféns pelo Hamas,
principalmente as mulheres. Patten lembrou que todas as formas de
violência sexual e a tomada de reféns são estritamente proibidas pelo
direito internacional humanitário e pelos direitos humanos, e pediu que
todas as denúncias horríveis de violência sexual alegadamente cometidas
pelo Hamas sejam rápida e rigorosamente investigadas, ressaltando a
disponibilidade da ONU para investigar de forma independente tais
violações.
“O
custo desta guerra para civis inocentes, de ambos os lados, é demasiado
elevado e deve acabar. Sabemos que em circunstâncias de rapto ou
detenção, especialmente as mulheres correm um risco acrescido de sofrer
diferentes formas de violência, incluindo a sexual”, afirmou a
representante.
Lajst
explica que outro fator que contribui com a falta de ação da ONU sobre o
Hamas é que a organização sequer o considera um grupo terrorista.
“Apesar de várias nações classificarem o Hamas como terrorista,
incluindo países da União Europeia, Estados Unidos, Reino Unido, Canadá,
Austrália e Japão, o Conselho de Segurança não inclui os responsáveis
pela maior tragédia da história recente de Israel em seu rol de grupos
terroristas. Sem essa definição, o Hamas não é condenado da maneira que
deveria pelas Nações Unidas e países membros, incluindo o Brasil, que
segue a determinação da ONU de não chamar o Hamas de terrorista, mesmo
com as atrocidades que cometeram contra a população israelense e a sua
própria, que é usada como escudo humano”, pontua o cientista político.
O
especialista conclui dizendo que a motivação principal de Israel para
continuar com a guerra é resgatar os israelenses mantidos em cativeiro
pelo Hamas, e que “Israel fará de tudo para trazê-los de volta em
segurança, tomando as decisões que qualquer outro país tomaria para
defender seus cidadãos e assegurar que terroristas não voltem a cometer
barbáries contra sua população”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário