Pedro do Coutto
Os fatos confirmam as tendências reveladas pelo presidente Vladimir Putin ao tentar obter apoio da China para o conflito com a Ucrânia, resultado da absurda invasão de um ano atrás, e de apoio diplomático para tentar conter as investidas dos Estados Unidos e dos países da Europa no fornecimento de armas ao governo de Kiev. É claro que se os resultados da guerra que desencadeou fossem favoráveis, Moscou jamais iria pedir apoio da China, sobretudo porque se o apoio viesse de uma forma decisiva e bélica, a vitória seria só do governo de Moscou.
O poder russo, realmente, não se demonstrou ser suficiente para decidir uma guerra que Putin considerou como sendo fácil, mas que se tornou difícil no campo das ações e foi condenada internacionalmente por praticamente todos os países do mundo. As exceções são restritas e nem a própria China dá apoio a Putin de forma integral. Pelo contrário, procurado por Putin, Pequim enviou o chanceler Wang Yi, destacando assim que não colocou a Rússia no primeiro plano de suas preocupações. Putin teve que tratar com o chanceler e não com o presidente do país.
PROPOSTA DE PAZ – A China formulou até uma proposta de paz, mas que não foi aceita por Zelenski porque incluía o reconhecimento de áreas incorporadas pela guerra por parte da Rússia. A negociação internacional tornou-se difícil, pois a Ucrânia não abre mão de todos os seus territórios e os russos não querem ceder as áreas conquistadas durante a guerra.
Zelenski incorporou o presidente Lula da Silva em uma solicitação conjunta com os Estados Unidos, com a China e com a África. Sob o ângulo brasileiro, a convocação de Lula para a mesa das negociações proporcionou um destaque enorme ao Brasil, pois colocou o país numa esfera essencial para o equilíbrio mundial e para a paz.
Lula, evidentemente, terá que aceitar o convite de Zelenski e ir para Kiev. O Brasil, assim, destaca-se no primeiro plano universal. A decisão a ser tomada não será fácil, e a China sinalizou que o seu apoio a Moscou não é total. A Rússia foi isolada no contexto mundial, na medida em que não apresenta sinais de pacificação. Suas ameaças, entretanto, ficaram apenas no papel.
RELEVÂNCIA – Lula terá um papel relevante e que vai se projetar ainda mais com a sua chegada à Ucrânia e com a sua participação em uma mesa de negociações na qual pretende colocar uma proposta de paz. O Brasil se fortalece como uma potência importante do ponto de vista diplomático que representa a retomada do relacionamento externo do país que havia sido bloqueado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
A proposta de Zelenski para que Lula vá à Kiev está inserida na reportagem de Ana Rosa Alves, O Globo deste sábado. A matéria focaliza o contexto internacional previsto para as negociações, incluindo a América Latina. Para Zelenski, a presença de Lula é primordial nas negociações, sobretudo pela repercussão que o encontro terá. Mais um lance de comunicação universal, já que Zelenski tem obtido grande retorno nessa área se comparado a Putin.
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