Os resultados do impeachment e os desdobramentos políticos após 2016 foram perdidos com o renascimento da figura política de Lula. Liberalismo Brazuca via Instituto Liberal:
Há
5 anos, Dilma Rousseff sofreu um impeachment. As acusações que
lideraram a cassação de seu mandato foram as famosas “pedaladas fiscais”
e as liberações de emendas sem autorização do congresso, mas além do
argumento jurídico, sobrou a vontade política. No ano anterior, o
impeachment não passava de uma argumentação desesperada de oposição, com
a luz dos fatos de atos de improbidade, nem mesmo a descredibilização
de Eduardo Cunha como presidente da Câmara e condutor do impeachment
salvariam o governo.
Naquele
momento, parecia que a esquerda estava abalada, como de fato esteve na
época. Porém, visto que o governo Dilma, que destruía a reputação da
esquerda no Brasil a cada dia que passava, estava finalizado, a esquerda
sairia de seu fundo do poço e poderia virar o jogo a seu favor, como já
ocorrido em tantas outras ocasiões. O fato é que o impeachment deu uma
boia para uma ideologia que, caso concluísse seu mandato, teria se
desmoralizado por completo.
Imagine
um cenário de sucessão a Dilma em 2018, sem nenhuma das reformas
essenciais do governo Temer, uma política econômica que veio de 2 anos
de recessão na casa dos 3% e uma política social a cada dia mais
dirigista. O cenário seria uma clara vitória acachapante da direita no
processo, com Jair Bolsonaro possivelmente levando a eleição em primeiro
turno e não havendo uma única sombra de Lula na existência. Porém, com o
dobro do trabalho hercúleo que o presidente Michel Temer tomou com sua
equipe econômica em seus 2 anos e 3 meses de mandato para reverter uma
crise econômica autofágica.
O
impeachment deu uma série de bodes expiatórios para a esquerda
trabalhar em narrativas, a mais famosa delas, a narrativa do “golpe”.
Basicamente tudo se justificava com o “golpe”. A economia estava ruim?
Culpa do golpe. Corrupção latente? Culpa do golpe. Crise política? Já
sabe, culpa do golpe. Todo o tratamento do impeachment como um processo
de golpe foi mentalizado como tentativa de expiar a culpa do péssimo
governo ocorrido. O PT virou uma espécie de sucesso mal explicado entre
as esquerdas brasileiras. O campo para narrativas estava preparado, e a
única maneira de corrigir as narrativas seriam os fatos.
E
o fato era: um governo de direita logo chegaria ao poder, não importava
por onde, as eleições de 2016 acusaram isso, prefeitos eleitos em 2012
no ápice da popularidade do governo Dilma, quando ele ainda era uma
sequência de recuperação sem sustos da crise de 2008 simplesmente
desabaram em uma impopularidade de maneira tão destrutiva que seus
mandatos foram assumidos como sinônimos da péssima gestão federal. Mas
uma vez no poder, essa direita necessitaria mostrar ser melhor que
Dilma.
A
Lava Jato, por um lado, fechou o cerco contra aliados de governo do
petismo com longa ficha corrida de corrupção, bastava um período de
estabilidade política e econômica para que o governo Dilma pudesse de
fato sepultar o terreno, e isto era notório. Em 2020, nas eleições
municipais, nem mesmo colocando ex-prefeitos do partido para concorrer
nas capitais, o PT levou as prefeituras. Até o seu braço radical, o
PSOL, elegeu prefeito em uma capital, porém o partido de Dilma saiu
zerado e desmoralizado.
Mas
na esfera federal, que bastava um governo de desempenho médio, a
realidade não se refletiu. O solapamento da Lava Jato, a aliança unida
ao centrão, a falta de resultados práticos, a escalada inflacionária, os
riscos de crises em vários flancos, desde economia até energia
elétrica, a liberação de emendas e poucos projetos aprovaram auxiliaram
ao renascimento daquele que era julgado morto. Os resultados do
impeachment e os desdobramentos políticos após 2016 foram perdidos com o
renascimento da figura política de Lula.
A
derrota, uma vez, será consolidada caso ocorra o retorno de Lula ao
poder, simbolizando talvez o impeachment de resultado prático mais
inútil da história do Brasil, visto que o partido responsável pela
década perdida, seja recompensado com o poder na aurora da nova década.
Os
retrocessos a serem causados estão cada dia mais eminentes, e os 5 anos
de impeachment poderão mostrar uma derrota da direita.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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