Entre as regiões brasileiras, a maior queda provocada pela pandemia foi no Sudeste, com 68%
Por Cleusa Duarte
Isolamento e distanciamento social, além das dificuldades ou medo de sair par rua, provocados pela pandemia do coronavírus afastou milhares de doentes dos consultórios médicos em todo o país. Dados do Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT) indicam uma redução de 66% no número de fumantes em tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS), durante o ano de 2020 em relação a 2019. Entre as regiões brasileiras, a maior queda provocada pela pandemia foi no Sudeste, com 68%. A região Nordeste registrou 66%, seguida do Centro Oeste (63%), Sul (62%) e Norte (59%).
A expectativa da instituição é de que o número de atendimento aos tabagistas no SUS seja ampliado e volte ao patamar anterior à pandemia. Um relatório produzido pelo Inca revela ainda que, apesar da pandemia, cerca de 68 mil tabagistas procuraram atendimento no início do ano passado em todo país.
“O tabagismo é uma doença crônica e é fator de risco para outras enfermidades importantes e que são as principais causas de mortalidade da população, como as cardiovasculares, as respiratórias e o câncer”, destaca Liz Almeida, coordenadora de Prevenção e Vigilância do Inca.
No Brasil, o tabagismo mata 162 mil pessoas por ano. Cerca de R$125 bilhões são gastos dos cofres públicos anualmente para cobrir despesas com doenças causadas pelo cigarro. Esse custo equivale a 23% do que o Brasil gastou, em 2020, com o enfrentamento à Covid -19.
Os dados da pesquisa foram detalhados, dia 25, durante webinar (seminário virtual) promovido pelo INCA em celebração pelo Dia Nacional de Combate ao Fumo, que é domingo, 29 de agosto.
Um relatório foi construído pelo Conselho Consultivo do Instituto Nacional do Câncer (CONSINCA) com intensa participação da Sociedade Brasileira de Oncologia ( SBOC), que apresenta diversas propostas de melhorias no acesso ao cuidado oncológico na rede pública. Depois foi encaminhado à Secretaria de Atenção Especializada à Saúde (SAES) do Ministério da Saúde.
“Mais uma vez a SBOC se coloca como protagonista nas mudanças que nosso sistema de saúde precisa empreender para que a realidade do paciente oncológico seja transformada”, comemora a presidente da entidade, Dra. Clarissa Mathias.
À frente de uma série de conquistas na ampliação das alternativas terapêuticas em oncologia no SUS, como a recente incorporação de imunoterapia para o tratamento de pacientes com melanoma avançado, a participação da SBOC no Grupo de Trabalho a Tratamento Sistêmico (GTATS) se concentra no desenvolvimento de estratégias para que as tecnologias incorporadas sejam disponibilizadas com celeridade à população.
Entre as iniciativas defendidas pela SBOC no GTATS está uma que busca justamente solucionar esse tipo de falha na distribuição de medicamentos oncológicos no SUS. No modelo atual de incorporação, as portarias são editadas pelo Ministério da Saúde sem a devida definição de quem deve custear os tratamentos lesando, entre outras consequências, os prestadores que cumprem as decisões e não são ressarcidos.
O relatório critica ainda a inexistência de uma lista integrada de medicamentos contra o câncer disponíveis e dispensados no SUS, assim como descontinuidades da comercialização e desabastecimento de oncológicos antigos e efetivos.
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