Levantamento
feito com 572 empresários mostra receio com risco de racionamento e com
aumento do custo da energia. Entre medidas para enfrentar a crise,
empresas apontam investimentos em eficiência energética
Nove em cada dez empresários estão preocupados com a crise hídrica. É o que mostra levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI)
junto a 572 empresas. De acordo com os dados, o maior temor dos
industriais é o aumento do custo da energia – 83% apontaram esta como a
principal preocupação. Outros 63% se dizem preocupados com o risco de
racionamento e 61% com a possibilidade de instabilidade ou de
interrupções no fornecimento de energia.
A
consulta empresarial revela também que 98% dos empresários acreditam
que haverá aumento dos preços da energia e 62% consideram que é provável
ou certo que haverá racionamento ou restrições de fornecimento de
energia em 2021. Entre os empresários que consideram que as tarifas de
energia serão reajustadas, 14% acreditam que aumentará pouco, 37%
moderadamente e 47% muito.
Os
impactos da crise hídrica sobre o mercado de energia elétrica ocorrem
em razão da limitação da geração das usinas hidrelétricas, que
representam cerca de 60% da geração no Brasil e são as fontes mais
baratas de energia do país.
“Há
uma preocupação clara com o risco de racionamento e do aumento de custo
da energia. Isso pode ter impacto na retomada da produção do segmento
industrial, em um momento em que a indústria começa a recuperar a sua
produtividade”, afirma o especialista em energia da CNI Roberto Wagner
Pereira.
“Esperamos
que as medidas que vêm sendo adotadas pelo governo surtam o efeito
esperado, no sentido de minimizar o risco de racionamento e evitar
aumento de custo, para que a indústria consiga se recuperar prontamente
dos enormes impactos gerados pela pandemia”, acrescenta o especialista
da CNI.
Investimentos em eficiência energética e autogeração
As
principais medidas que os empresários disseram que adotarão em resposta
à crise hídrica são a intensificação de investimentos em ações de
eficiência energética (34%) e em autogeração/ geração distribuída de
energia (26%).
Parte
dos empresários também manifesta preocupação com a possibilidade de
racionamento de água (34%), aumento no custo da água (30%) e na
instabilidade ou interrupção no fornecimento de água (23%). Alguns
empresários também manifestaram preocupação com o potencial de uma crise
hídrica e energética de frear o crescimento econômico e prejudicar a
recuperação da economia.
Entre
os empresários consultados, 22% afirmam que pretendem mudar o horário
de funcionamento de suas empresas para reduzir o consumo de energia em
horário de pico em resposta à crise hídrica. No entanto, quase dois
terços das empresas consideram que implementar essa alteração de horário
é difícil ou muito difícil.
Crise gera perda de competitividade
Outro
dado que chama a atenção é que mais da metade (52%) dos empresários
acreditam que a crise hídrica reduzirá a competitividade de suas
empresas. Segundo os dados, 39% consideram essa situação provável e 13%
dizem que a perda de competitividade ocorrerá com certeza.
Os
empresários dos setores que consomem mais energia são exatamente
aqueles que mais acreditam que a crise hídrica afetará a
competitividade. Entre as empresas cujo custo de energia representa até
9% do custo total, 46% acreditam em perda de competitividade com a crise
hídrica. Para aquelas em que o custo fica entre 10% e 19%, 60%
consideram que a crise prejudicará a competitividade. Para aqueles em
que o custo da energia excede 20%, 68% acreditam que haverá perda de
competitividade.
A
consulta empresarial realizada pela CNI ouviu 572 empresas, sendo 145
de pequeno porte, 200 médias e 227 grandes. O campo foi realizado entre
os dias 25 de junho e 2 de julho.
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