Além de Caetano Veloso, outra grande doadora para a campanha do socialista Guilherme Boulos à prefeitura de São Paulo é uma das herdeiras da impoluta empreiteira Andrade Gutierrez (ah, a Lava Jato). Coluna de J. R. Guzzo para a Gazeta:
Eis
aqui mais um retrato da vida como ela é, e não como imaginam que ela
seja nas mesas redondas que discutem política na televisão. Um dos
maiores doadores para a campanha do candidato do que se apresenta como
de “esquerda-raiz” para a prefeitura de São Paulo não é nenhum sindicato
de trabalhadores – e o dinheiro não vem de nenhuma vaquinha de “pessoas
em situação de rua”, os grandes clientes nominais do Partido Socialismo
e Liberdade (Psol).
Quem
aparece na papelada da justiça eleitoral como a terceira maior doadora
da campanha paulistana do Psol, com um total de 88.000 reais, é uma
herdeira da empreiteira de obras públicas Andrade Gutierrez. E daí?
Milionário também é gente; tem todo o direito de doar seu dinheiro para
quem bem entende. O problema não está aí. Está numa razão social:
“Andrade Gutierrez”.
A
construtora, como se sabe, é uma das empresas mais corruptas do Brasil –
não porque costumava aparecer regularmente no noticiário da ladroagem
nacional, mas porque são seus próprios diretores que dizem que ela é
corrupta. Tanto é assim que eles mesmos, por sua livre e espontânea
vontade, confessaram os crimes da empresa no assalto geral ao dinheiro
público empreendido durante os governos Lula-Dilma.
Mais:
fizeram “delação premiada” na Operação Lava Jato. Mais ainda:
devolveram ao erário R$ 1 bilhão do dinheiro roubado. (Alguém, “na
jurídica” ou “na física”, devolve voluntariamente dinheiro que não
roubou? Ainda não se sabe de nenhum caso.)
É
a velha história: quando se trata de dinheiro, dizia Voltaire, todo
mundo é da mesma religião. A diferença entre os altos propósitos
socialistas do partido e o dinheiro da herdeira é igual a zero; política
real é isso, e não conversa que só aparece em jornal, rádio e
televisão.
O
PSOL tem o direito de receber e a doadora tem o direito de doar, é
claro, mas sempre é bom ficar claro que as coisas são assim – e que não
têm nada a ver com o palavrório de campanha. É o “mecanismo”. É assim
que ele funciona.
O
maior doador da campanha do PSOL em São Paulo é o cantor Caetano
Veloso, outra estrela da nossa elite capitalista, com R$ 100 mil. Mas há
uma diferença, aí. Caetano ganhou esse dinheiro unicamente com o seu
trabalho – e não se chama Andrade, nem Gutierrez.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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