A quaresma e a Páscoa provocam o aumento da procura por chocolates em
várias partes do mundo. A tradição de se consumir chocolates nesta época
vem do século XIX, e foi incorporada aos símbolos da páscoa e da
ressurreição. No Brasil, para indígenas yanomami e ye’kwana, o chocolate
também é sinônimo de vida nova. Os índios transformaram a cultura
tradicional do cacau, já utilizado nas comunidades como remédio, em
alternativa de sustento e luta contra o garimpo que assola a terra
indígena Yanomami nos estados de Roraima e Amazonas. A liderança
indígena Júlio Ye’kwana explicou como o cacau e o chocolate vêm mudando
as perspectivas das comunidades frente às ameaças do garimpo ilegal, que
traz doenças e mortes. “É uma alternativa ao garimpo porque alguns
jovens estão sendo aliciados por garimpeiros. Então, os jovens se
envolvem por algum dinheiro. Mas o ouro pra gente é sagrado, não pode
mexer. Mas o cacau não é assim. O cacau é remédio tradicional. E não
derrubamos. Em vez de destruir, plantamos mais. Dá pra gerar renda sem
nenhuma destruição do meio ambiente” contou. Desde o ano passado, os
Yanomami e Ye’kwana estão comercializando o chocolate produzido com
cacau nativo, beneficiado na comunidade waikás e transformado em barras
pelo chocolatier César de Mendes. O produto é composto por quase 70% de
cacau puro, e cerca de 30% de rapadura orgânica. Mais de mil pessoas são
beneficiadas com a produção do Chocolate Yanomami, que, segundo
especialistas, tem perfume e sabor diferenciados. O incentivo, a
produção e distribuição do produto têm o apoio do Instituto
Socioambiental. (A Tarde)
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