Foto: Gabriela Biló/ Estadão
O presidente Jair Bolsonaro
Além de querer um nome terrivelmente evangélico para o STF
(Supremo Tribunal Federal), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) quer
alguém com um perfil parecido para comandar a Ancine (Agência Nacional
do Cinema). A informação foi dada pelo presidente durante conversa de
uma hora e meia com um grupo de jornalistas no Quartel-General do
Exército, em Brasília, na tarde deste sábado (31). Ao comentar o
afastamento de Christian de Castro da presidência da Ancine por decisão
judicial, Bolsonaro voltou a demonstrar descontentamento com a gestão da
agência e sugeriu que ele não teria o perfil que gostaria para o órgão.
Para ele, o presidente da Ancine deveria ser um evangélico que
conseguisse recitar de cor “200 versículos bíblicos”, que tivesse os
joelhos machucados de tanto ajoelhar e que andasse com a Bíblia debaixo
do braço. Nesta semana, Bolsonaro assinou decreto afastando Castro,
cumprindo a decisão judicial baseada em ação do Ministério Público
Federal. O órgão apura um suposto conluio entre o ex-dirigente,
servidores e o atual secretário de Cultura e Economia Criativa do estado
de São Paulo, Sérgio Sá Leitão. Com a saída de Castro, Alex Braga
assume a Ancine. A investigação supõe que Castro e outros dois
servidores da Ancine, também afastados, teriam acessado o sistema
eletrônico da agência para obter e repassar informações sigilosas a um
sócio do ex-presidente afastado. E aponta que Sá Leitão e outras três
pessoas teriam deixado de comunicar o ocorrido às autoridades, incidindo
em prevaricação. O governo tenta aumentar seu controle sobre a agência.
O presidente chegou a dizer que pretendia extinguir a agência caso não
pudesse implantar um “filtro de conteúdo” —intenção encarada como
censura pelo setor. No último dia 21, o secretário especial da Cultura,
Henrique Pires, deixou o cargo por não admitir que o governo imponha
“filtros” na cultura. O anúncio ocorreu após suspensão de um edital de
projetos LGBT para TVs públicas criticado por Bolsonaro. O presidente,
em live nas redes sociais, ressaltou que a Ancine não liberaria recursos
do FSA (Fundo Setorial do Audiovisual) para projetos com a temática de
sexualidade. Ele ainda disse que se a agência reguladora “não tivesse,
em sua cabeça toda, mandatos”, já teria “degolado tudo”. Hoje, a
diretoria colegiada tem três pessoas com mandatos de quatro anos.
Folhapress
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