Foto: Nelson Almeida /AFP
Presidente Jair Bolsonaro discursa no Congresso Nacional
Convidados desconfiados, seguranças arredios e muita boataria
circulava no Salão Verde da Câmara dos Deputados desde a manhã desta
terça-feira, 1, quando tiveram início os primeiros preparativos para a
cerimônia de posse do presidente eleito Jair Bolsonaro. “Eu ouvi dizer
que tem até mesmo agente escondido nos esgotos”, contava pelos
corredores do um dos profissionais encarregados de organizar o
cerimonial do evento, sem nenhuma certeza sobre a veracidade da
informação. No entorno do carrinho improvisado para servir café, uma
copeira e um bombeiro comentavam que nunca haviam visto uma cerimônia de
posse com tantas restrições. Embora ninguém soubesse dizer ao certo
qual era o alcance da estrutura de segurança do novo presidente, o fato é
que ela começou a interferir na rotina de servidores bem antes. Na
Câmara, por exemplo, integrantes da segurança contavam que, pela
primeira vez desde a redemocratização, o expediente de meio período no
dia 31 de dezembro foi suspenso, por conta do isolamento da área. No
Palácio do Planalto, as recomendações começaram antes. Já no último
domingo, dia 30, os funcionários foram orientados a não mexer nas
persianas, que permaneceriam fechadas até a posse. Um funcionário
resumia a recomendação repassada às equipes: “Avisaram que não era nem
para encostar nas persianas, ou algum sniper poderia atirar. Disseram
que qualquer gesto seria interpretado como hostil”. Hoje, na medida em
que as horas avançavam, as mudanças no repertório tradicional da
solenidade no Congresso acabaram por provocar alguma animosidade entre
seguranças e jornalistas isolados no Salão Verde desde cedo. Houve
discussões sobre a liberação do acesso a café e água – posteriormente
servidos aos profissionais – e sobre em qual canal seriam sintonizados
os projetores situados no local. Sempre que alguma confusão tomava
forma, assessores procuravam repassar a responsabilidade. Até o
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pegou o bonde. Questionado
pelos jornalistas, engatou: “É com o Congresso.”
Estadão
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