Em vez de punir a todos com uma proibição abrangente, parece sensato
pedir que os governos municipais encontrem métodos menos invasivos de
resolver o que, afinal, não é um grande problema. Artigo de Jarred
Stepman, editor do Daily Signal, publicado pela Gazeta do Povo:
O movimento anticanudinhos plásticos chegou à capital do país. O
Distrito de Colúmbia aprovou recentemente uma lei impondo a proibição
aos canudos plásticos e de vários outros utensílios semelhantes.
A lei entra em vigor no dia 1º. de janeiro, sendo que os mecanismos
de fiscalização – como altas multas – serão implementados a partir de
julho. Como Tristan Justice disse ao Daily Signal, a proibição se
estende não apenas aos restaurantes, mas também a bares, igrejas e
creches.
A cruzada anticanudinho parece ganhar força; vale parar por um
instante a fim de analisar por que uma questão aparentemente tão trivial
se transformou em algo tão relevante.
O movimento começou de verdade em Seattle, em 2008, quando a cidade
se tornou a primeira metrópole a proibir os canudos plásticos. A
proibição entrou em vigor de fato só este ano, e proibições semelhantes
desde então foram aprovadas em todo o país.
Um dos problemas do movimento anticanudinho é que ele ampliou a
questão para além da realidade. Apesar de haver mesmo um problema quanto
ao acúmulo de plástico nos oceanos, uma parcela ínfima disso é composta
por canudos.
De acordo com um estudo, os canudos plásticos correspondem por apenas
duas mil das nove milhões de toneladas de lixo plástico que chegam aos
oceanos todos os anos. E a maior parte do lixo que acaba no oceano
sequer vem dos Estados Unidos. A China e alguns outros países asiáticos
são a principal fonte do lixo plástico que polui os oceanos.
Infelizmente, tem havido algumas estatísticas suspeitas circulando
pela Internet, incluindo uma que diz que os norte-americanos usam 500
milhões de canudos plásticos por dia. Mas esse número veio de uma
pesquisa telefônica informal de um menino de nove anos que virou
ativista, de acordo com uma reportagem da Reason.
Angela Logomasini, pesquisadora do Competitive Enterprise Institute,
uma organização sem fins-lucrativos em defesa do livre-mercado, disse
que, apesar de o acúmulo de plástico nos rios, lagos e oceanos ser um
problema, ele não será solucionado com a proibição dos canudos.
“O problema está no descarte”, disse Logomasini, de acordo com o
Washington Times. “A maior parte do problema está na Ásia e África,
porque eles têm lixões a céu aberto e jogam toneladas de lixo no oceano.
Eles não têm métodos adequados de descarte. Se você descarta algo
adequadamente, não é um problema”.
Diante da falta de provas de que o mundo em breve estará soterrado
por canudinhos ou que a proibição dos canudinhos fará alguma diferença
no sério problema do lixo plástico nos oceanos, por que este movimento
ainda é uma prioridade para os ativistas progressistas?
Aparentemente, é para “conscientizar”. O site progressista Vox.com
admitiu: “Proibir os canudos plásticos não salvará os oceanos. Mas
devemos proibi-los assim mesmo”.
“Nossa campanha pela proibição dos canudos não tem a ver com os
canudos”, disse Dune Ives, diretor-executivo da Lonely Whale,
organização em favor da proibição dos canudinhos, de acordo com o Vox.
“Tem a ver com a onipresença dos canudos plásticos individuais em nossas
vidas, em nos enxergamos no espelho para nos sentirmos responsáveis.
Todos nós vivemos sem prestar muita atenção”. Isso é bastante revelador.
Um líder do movimento admitiu que ele não tem a ver com encontrar
soluções práticas para problemas reais.
A proibição dos canudos em Washington, D.C., assim como a proibição
em várias outras cidades, nada mais é do que uma ação de caridade
progressista sem muita utilidade e que causa um bocado de
inconveniência. Os progressistas têm pressa em usar o instrumento
coercivo do Estado para tentar resolver os problemas mundiais, sejam
eles sérios ou triviais.
Mas, como escreveu John-Michael Seibler, bolsista de estudos
jurídicos da Heritage Foundation, há formas mais sensatas de reduzir o
lixo plástico do que aprovar proibições e impor altas multas para quem
usar canudos.
Entre elas estão o trabalho com voluntários e empresas locais para
limpar o lixo e a promoção disso como tema público, ou simplesmente a
aplicação de leis rígidas sobre o lixo como as que já existem em várias
cidades.
Seibler destacou a forma como Nova York lidou com o lixo no metrô:
“Depois que o sistema metroviário de Nova York sofreu um aumento nos
incêndios e enchentes por causa do acúmulo de lixo, as autoridades
aumentaram as multas e a fiscalização. Se os canudos plásticos agora
ameaçam a Big Apple, as autoridades municipais podem dar mais uma vez
ênfase à aplicação das leis de lixo existentes.”
Então, em vez de punir a todos – sobretudo deficientes que precisam
de canudinhos para beber – com uma proibição abrangente, parece sentado
pedir que os governos municipais encontrem métodos menos intrusivos de
resolver o que afinal não é um grande problema.
Jarrett Stepman é editor e cronista do Daily Signal e coapresentador do podcast "The Right Side of History".
Tradução: Paulo Polzonoff Jr
©2018 Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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