Lula pedirá o centésimo oitavo habeas corpus, que será negado. O PT dirá
que isso é prova de que Lula é um preso político e Gleisi insistirá: é
górpi. Coluna dominical de Carlos Brickmann, publicada em diversos jornais:
Um novo Governo assume depois de amanhã. O Pai Gordo, famoso por ler o
futuro no fundo de um prato de macarronada, prevê suas promessas:
1 – Repensar e reduzir o gasto público e reduzir o peso dos impostos;
2 – Realizar imediatamente as reformas necessárias, aproveitando o momento político da grande vitória eleitoral;
3 – Cortar na própria carne e reduzir o tamanho do Estado, que vai custar menos e atender melhor à população;
4 – Eliminar as indicações políticas. Agora é meritocracia: só os mais competentes serão nomeados, sempre por concurso;
5 – Chega de mordomias: cada membro do Governo viverá com seu
salário, modestamente, sem auxílios, sem carros oficiais, sem
penduricalhos.
6 – Todas as acusações contra gente do Governo serão rigorosamente
investigadas, sem favorecimentos, antes que sejam atribuídas aos
vermelhos petistas que deveriam arrepender-se de seus maus feitos e ir
morar em Cuba.
7 – Caso as acusações, mesmo investigadíssimas, se provem
verdadeiras, serão imediatamente comparadas com escândalos iguais ou até
maiores praticados por governos anteriores, tornando-se, portanto,
injustas quaisquer punições – pois, afinal, se todos já fizeram, é sinal
de que todos fazem.
8 – Sérgio Moro não perdoará malfeitos nem de colegas de Governo, a
menos que, como Ônix Lorenzoni, sejam rápidos para pedir-lhe desculpas.
Sugestão
Arquive esta coluna. Daqui a quatro anos, mantenha-se atualizado lendo tudo de novo.
Assim será
A posse de Bolsonaro ocorrerá em 1º de janeiro, Dia da
Confraternização Universal. O PT já avisou que não tem confraternização:
não vai à posse, porque a seu ver Bolsonaro ganhou graças ao górpi e “à
injusta prisão de Lula, condenado sem provas”. O PT detesta Bolsonaro e
o bolsonarismo, mas encara do mesmo jeito que o adversário as acusações
contra petistas: a culpa é do acusador, sempre fascista, racista,
inimigo do empoderamento feminino e lacaio duzianqui. Pelo jeito,
chamar de “neoliberal” caiu de moda.
Suplicy vai preparar a candidatura a senador, em 2020. Se não der, talvez tente algum prédio simpático que esteja sem síndico.
Lula pedirá o centésimo oitavo habeas corpus, que será negado. O PT
dirá que isso é prova de que Lula é um preso político e Gleisi
insistirá: é górpi.
O vice Hamilton Mourão assume quando Bolsonaro fizer a cirurgia que
falta. E, embora vá negá-lo, se transforma de fato no líder da oposição.
Ele fala o que pensa. Quer até que o tal Queiroz explique o dinheiro.
Mas como irão chamar o general de petralha vermelho e exigir que vá para
Cuba?
Corta mas deixa
Bolsonaro distribuiu aos futuros ministros um manual de conduta nos
primeiros cem dias, que inclui a revisão dos últimos atos do presidente
Temer, previsão de corte de despesas, etc. Mas não toca em despesas que
poderiam ser reduzidas: a da profusão de carros oficiais, ou a dos
cartões corporativos, ou a dos imóveis funcionais. Continua grande o
número de auxiliares. O vice Hamilton Mourão, por exemplo, poderia
preencher 140 cargos e reduziu bem esse número. Mas fica com 65 – isso
para ajudá-lo a esperar as ocasiões em que tiver de substituir o
presidente.
Há males...
Fabrício Queiroz, ex-assessor do filho de Bolsonaro, que movimentou
R$ 1,2 milhão aparentemente sem condições para isso, não é ligado ao
presidente eleito, não é considerado investigado, mas testemunha, e não
há nenhuma conexão visível entre esse dinheiro e Flávio Bolsonaro. Mas
depositou R$ 24 mil na conta da esposa de Bolsonaro, como parte da
devolução de uma quantia que o presidente eleito disse ter-lhe
emprestado (o que ele confirmou), explicou o caso a Flávio Bolsonaro,
que achou as explicações “plausíveis”, faltou a dois depoimentos no
Ministério Público por motivos de saúde, mas deu entrevista ao SBT. Na
entrevista, explicou só parte da história: disse que ganha dinheiro com
comércio de carros usados.
...que vêm para bem
Por que seu saldo cresce logo após a data de pagamento dos
funcionários de Flávio Bolsonaro no Legislativo? Essa pergunta Queiroz
deve demorar a responder: apresentou atestados que, segundo ele,
comprovam câncer no intestino, que deve ser operado rapidamente. Só após
a operação será ouvido.
Cadê Battisti?
Césare Battisti, condenado na Itália por quatro homicídios e com
ordem de extradição do Brasil, continua foragido. Há quem suspeite que
continue no país, escondido na casa de alguém que o apoie, talvez
importante, para reduzir as chances de uma batida policial. Mas também
já pode ter saído do país. Teve tempo suficiente para planejar a fuga e
buscar um governo amigo.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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