Decisão do TSE restaura a normalidade e acaba com a infame provocação lulopetista. A propósito, segue editorial da Gazeta do Povo:
Na tarde e noite desta sexta-feira, o Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) decidiu colocar um ponto final no teatro que o petismo armou com o
registro de candidatura de um ficha-suja, o ex-presidente Lula, em
claro desrespeito à legislação nacional. De acordo com informações de
bastidores, já que a pauta não havia sido publicada quando de sua
convocação, a sessão extraordinária da corte julgaria, inicialmente, os
questionamentos a outras candidaturas, como a de Geraldo Alckmin (PSDB),
e apenas a participação de Lula na propaganda eleitoral que começaria
neste sábado. No entanto, havia a possibilidade de o TSE decidir
analisar todos os registros que ainda tinham alguma pendência, o que
incluiria a decisão sobre a candidatura de Lula. Foi esse o pedido da
Procuradoria-Geral da República, atendido pela corte, que demonstrou, ao
mesmo tempo, celeridade e respeito aos prazos regimentais, sem
cerceamento algum do direito de defesa.
A questão era, em si, bastante simples e óbvia: Lula tem contra si
uma condenação proferida por colegiado, a Oitava Turma do Tribunal
Regional Federal da 4.ª Região, por corrupção e lavagem de dinheiro. A
Lei da Ficha Limpa elenca esses crimes entre aqueles que tornam
inelegível quem por eles está condenado a partir da segunda instância.
Assim, pela aplicação pura e simples da lei, Lula está inelegível, fato
que foi reconhecido por todos os sete ministros do TSE. Que o PT tenha
registrado a candidatura do ex-presidente e atual presidiário apesar da
clareza da situação só mostra o desprezo que o partido tem pela lei e
pelas instituições, consumindo tempo e recursos dos tribunais superiores
com uma provocação cujo desfecho era mais que previsível, e pelos
brasileiros, com a intenção de confundir o eleitorado por meio da
candidatura de um ficha-suja.
Por isso a defesa apostou suas fichas na tal “decisão da ONU”, que na
verdade é uma recomendação do Comitê de Direitos Humanos das Nações
Unidas. Aqui é preciso elogiar o trabalho do ministro relator, Luís
Roberto Barroso, já que os advogados de Lula protocolaram a peça de
defesa, com 181 páginas, às 23h07 de quinta-feira, a menos de uma hora
do fim do prazo, e mesmo assim o voto de Barroso, ferrenho defensor da
aplicação da Lei da Ficha Limpa, não ignorou as alegações da defesa. O
relator dedicou boa parte do tempo à intervenção do Comitê: enquanto o
petismo tentava fazer parecer que todo o peso do sistema multilateral
internacional estava ao lado de Lula, Barroso explicou detalhadamente
como a decisão do órgão, ainda que digna de atenção, não tem caráter
obrigatório – até por ser composto por especialistas independentes, e
não por Estados-membros – e ignorou o ordenamento jurídico e a
jurisprudência nacionais.
A argumentação do relator a esse respeito foi acatada por todos os
outros ministros, com exceção de Edson Fachin. Para o relator da Lava
Jato no Supremo Tribunal Federal, o Brasil estaria, sim, obrigado a
cumprir as decisões do Comitê, e por isso Fachin votou pelo deferimento
da candidatura de Lula, ao mesmo tempo em que reconhecia a
inelegibilidade do petista. Isso criaria uma situação esdrúxula na qual
Lula poderia competir e até vencer, mas certamente não levaria o prêmio.
Aceitar esse arranjo seria criar na cabeça do eleitor uma confusão
ainda maior que aquela provocada pela candidatura sub júdice de Lula,
como vinha ocorrendo até agora.
Como a maioria dos ministros seguiu na íntegra o entendimento de Luís
Roberto Barroso, Lula deixa de ser candidato e o PT não pode fazer
campanha por ele, sendo obrigado a alterar sua chapa em até dez dias. O
petista ainda tem direito a recursos no Supremo, mas, de acordo com
Barroso, o fato de o plenário do TSE já ter tomado uma decisão significa
que não há mais uma candidatura sub júdice, situação na qual a campanha
poderia continuar – apenas a presidente da corte, Rosa Weber, divergiu
do relator neste ponto.
A Justiça Eleitoral, assim, cumpre seu papel ao barrar a candidatura
de um ficha-suja e restaurar a normalidade no pleito de 2018.
Participarão da disputa apenas aqueles que efetivamente têm
possibilidade legal de se eleger e tomar posse em 2019 – incluindo o
petista Fernando Haddad, que até agora era o vice de Lula e deve ser
confirmado pelo PT na cabeça de chapa. A decisão do TSE é uma derrota
para Lula e para o petismo, mas é, acima de tudo, uma vitória da lei,
das instituições e do anseio popular por moralização na política,
consagrado nesta Lei da Ficha Limpa que superou, nesta sexta-feira, o
seu teste mais severo.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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