Correio Braziliense
Possíveis aliados no segundo turno, os candidatos à Presidência da República Geraldo Alckmin (PSDB) e Henrique Meirelles (MDB) usaram o início das inserções diárias na tevê, ontem, para criticar o discurso de Jair Bolsonaro (PSL). O capitão do Exército é o primeiro colocado nas pesquisas, sem a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para as eleições de outubro. Ainda que não citem o nome de Bolsonaro, tucanos e emedebistas criaram peças que confrontam diretamente o discurso dele. Os temas vão do porte de armas ao “voto movido pela indignação”.
As peças publicitárias de 30 segundos fazem parte dos chamados “palanques eletrônicos”, que têm validade nos 35 dias de campanha no rádio e na tevê. Nesse período, Alckmin terá 434 inserções (cerca de 12 por dia), e Meirelles, 151 (aproximadamente 4 diariamente), além do tempo da propaganda eleitoral. O arsenal para tentar “desconstruir” Bolsonaro deve ficar concentrado nessas inserções, já que o horário eleitoral é considerado mais nobre e deve ser usado para apresentar propostas.
PLAGIANDO – A equipe de publicidade tucana se inspirou em campanha britânica contra o uso de armas e produziu vídeo de munição atravessando objetos em câmera lenta. No meio desse processo, aparecem palavras como fome e desemprego, e a cena termina com uma criança negra. O slogan aparece na sequência: “Não é na bala que se resolve”. Sabendo do teor da gravação, o militar da reserva tratou de reagir em suas redes sociais, afirmando que “flores não garantem paz”. Ontem, ele cumpriu agenda em Porto Velho (RO).
Na versão de Meirelles, o mote é de que o eleitor não deve votar com “olhos cegos pela indignação”. Segundo as últimas pesquisas, Bolsonaro é tratado como o candidato “da mudança”, uma espécie de anti-herói, com tons de salvador da pátria. Ao menos dois tipos de inserções devem refutar essa ideia. Em uma delas, passageiros de um ônibus se desesperam ao perceber que o motorista dirige com olhos vendados.
FALAM OS NANICOS – Os “nanicos” no rádio e na tevê vão apresentar propostas e protestos em seus programas e inserções. “Vamos mudar tudo o que está aí”, diz João Amoêdo (Novo). “A mudança que a gente quer não virá dos políticos que a gente tem.”
Em agenda no Rio de Janeiro, ontem, a candidata Marina Silva (Rede) defendeu a reforma tributária e a redução da burocracia como ações para impulsionar o setor industrial. A ex-senadora evitou tratar de questões sobre sua última entrevista à tevê, no Jornal Nacional (TV Globo), da qual não saiu “nem maior, nem menor”, segundo a equipe de campanha dela.
Já Ciro Gomes (PDT) criticou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a constitucionalidade de terceirização de atividade-fim e disse que a medida é “praticamente uma volta à escravidão”. O candidato emendou: “Já, já, o Brasil vai revogar a Lei Áurea (que colocou fim à escravidão no país).
VIOLÊNCIA – Em nova visita ao Paraná, o senador Alvaro Dias (Podemos) afirmou que a violência no país começa nas regiões de fronteira.
Por sua vez, Guilherme Boulos (PSol) continuou em Belém, visitando feiras e bares. E o petista Fernando Haddad (PT) esteve em Fortaleza, onde iniciou a peregrinação por estados nordestinos.
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