NO
JEITO DELE – O C4 Cactus não tem carranca de um SUV convencional, com
suas formas arredondadas e detalhes de design, mas conta com ângulos de
entrada e saída e altura que garantem ir onde o asfalto termina
Mas a demora em entrar no nicho se devia a ausência de um produto adequado para o mercado brasileiro. A Citroën, assim como a prima Peugeot, ainda sente duramente os reflexos da displicência de não ter adaptado seus antigos modelos às condições locais na década passada. E, com o C4 Cactus, ela não poderia correr o risco de derrapar outra vez.
Com valor inicial de R$ 68.990 e distribuído em seis versões que escalam em preços até R$ 98.990, a marca aposta numa farta lista de conteúdos para ganhar terreno, reconquistar a confiança do consumidor e aumentar sua tímida participação por aqui.
O jipinho é oferecido com motor 1.6 de 122 cv, que pode ser combinado com caixa manual ou automática de seis marchas. Nesse caso, a potência foi regulada para 118 cv. Segundo a Citroën, o ajuste prevê melhor relação entre motor e caixa. A terceira opção de conjunto mecânico é o motor THP 1.6 turbo de 173 cv, com transmissão automática.
Fênix
Os diretores da fabricante revelam que foram investidos R$ 580 milhões no modelo. Dinheiro gasto na adequação da linha de montagem, ferramental, na construção de 160 protótipos e um time de 400 profissionais que se debruçaram sobre o projeto ao longo de três anos.
Com o C4 Cactus, a Citroën quer se reinventar no Brasil. Para isso, a filial tomou para si a criação do projeto e também a incumbência de renovar o SUV que já era oferecido na Europa desde 2014.
Já a equipe de design local tratou de atualizar o modelo para o gosto nacional. O resultado, segundo os executivos, agradou tanto os franceses que o C4 Cactus tupiniquim se tornou padrão nos demais mercados onde é oferecido.
O jipinho tem desenho agradável, apesar de não ter carranca de SUV. Suas formas arredondadas e o conjunto ótico em três níveis o diferem de tudo que há no segmento, mas a boa altura livre (22,5 cm) e os ângulos de ataque e saída o capacitam para ir onde o asfalto acaba.
Suspensão
A marca destaca o trabalho de engenharia para fazer com que o C4 Cactus não sucumba ao “padrão brasileiro de pavimentação”, que foi extremamente cruel com o C3, 206 e demais modelos da PSA vendidos por aqui.
Segundo os cartolas franceses, o carro teve o conjunto de suspensão totalmente projetado para o uso, com buchas e bandejas mais resistentes, e calibrações distintas tanto para os equipados com rodas aro 16 quanto para as de 17.
Na prática, a suspensão do aventureiro se mostrou valente. Em vias sem pavimentação o Cactus não titubeou, encarou costelas e até sobrepôs elevações com valentia e com sobra de curso dos da suspensão, bem diferente da fragilidade de seus antepassados.
Ela fez o que deveria ter feito há 20 anos. Projetar o carro para o padrão brasileiro de estradas, e não tentar ajustar um projeto europeu para funcionar aqui no país.
Francês aposta em pacote farto de tecnologia e comodidade
Um dos grandes trunfos do C4 Cactus é a vasta lista de equipamentos. O jipinho se apresenta como o único do segmento dotado de sistemas de auxílio de condução, como o anticolisão, com frenagem automática, detector de pedestre, alerta de invasão de faixa de rodagem e monitor de fadiga, que estão presentes na versão topo de linha Shine Pack.
Ainda no pacote de segurança, a versão ainda conta com airbags laterais e cortinas, assim como controles de estabilidade (ESP), tração e seletor de tipo de terreno (Grip Control). Já os itens de conveniência acrescem o quadro de instrumentos digital, a multimídia de sete polegadas (com câmera de ré, conexão Apple CarPlay, Android Auto e espelhamento), ar-condicionado digital de duas zonas, direção elétrica e partida sem chave.
Ao volante
O C4 Cactus é um automóvel interessante. No breve contato com o modelo, foi possível perceber que se trata de um carro confortável, com ótimo isolamento acústico e boa posição de dirigir.
Apesar de ter o teto mais baixo que os demais jipinhos da praça, ele acomoda bem e não é claustrofóbico. O acabamento tem boa qualidade e a montagem é bem justa. Tudo isso faz dele um automóvel agradável.
Rodamos na versão com motor THP, que mostra bom comportamento, principalmente quando há necessidade de torque em ultrapassagens e retomadas. Mas falta uma postura esportiva, principalmente pela ausência das borboletas no volante. Segundo o vice-presidente de Marketing de Produto para a América Latina, Pablo Averame, a marca resolveu abolir o mecanismo.
“Nenhum Citroën, daqui em diante, terá o recurso. A nossa proposta é oferecer conforto na condução, e não queremos que o motorista tenha que se preocupar com troca de marchas”, explica. (M.R.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário