Se mesmo
preso, Marcola, líder do PCC, tivesse a possibilidade de se lançar à
disputa presidencial, os institutos de pesquisa e a imprensa o tratariam
como candidato legítimo? Bruno Garschagen, via Gazeta do Povo:
Se mesmo
preso, Marcola, líder do PCC, tivesse a possibilidade de se lançar à
disputa presidencial, os institutos de pesquisa e a imprensa o tratariam
como candidato legítimo? É a pergunta que me faço sempre que aparece
nos levantamentos e nas análises políticas o nome de Luiz Inácio Lula da
Silva, presidiário condenado por corrupção passiva e lavagem de
dinheiro.
As
manchetes não deixam dúvida quanto à opção editorial que fazem jornais e
sites ao destacarem, por exemplo, que o candidato Jair Bolsonaro só
lidera as intenções de voto nos cenários em que Lula é excluído da
lista. A questão é: como é possível o nome de Lula – preso condenado,
repito – aparecer na disputa como eventual candidato?
Conversava
outro dia com um amigo, que estava certo ao dizer que, ao tratar Lula
como candidato, imprensa, comentaristas e institutos de pesquisa
naturalizam a ideia de que um criminoso condenado e preso possa ser uma
opção real para uma parcela do eleitorado. É escandaloso que haja uma
possibilidade, mínima que seja, de Lula ser candidato e que, por isso
mesmo, o TSE tenha se negado a afirmar, desde já, tal impossibilidade.
Há outro
problema em questão: mesmo que não possa ser candidato, Lula vem sendo
tratado por muita gente na imprensa como o grande articulador que, de
dentro da cela da Polícia Federal onde hoje reside, definirá o nome do
PT que será apoiado pelos partidos e entidades-satélites que prestam
serviços ao petismo.
Em ambos
os casos (candidato ou articulador), o nome de Lula está sempre em
evidência, o que se presta a colocá-lo como peça fundamental da eleição
deste ano, mesmo que não seja ele o candidato. Do ponto de vista
político, é uma vitória e tanto para alguém em sua posição. De uma
perspectiva ética, é uma desgraça completa para a imprensa, analistas e
todos aqueles que se prestam a cumprir a função de manter Lula
vivoenquanto lutam pelo Lula livre.
Imaginemos,
então, a seguinte hipótese dramática para o país, mas que vem sendo
considerada como possibilidade real: Lula, ou o seu candidato, segue
para disputar o segundo turno contra o candidato do PSDB, Geraldo
Alckmin.
Lula,
ele mesmo condenado e preso, carrega consigo a sua própria folha corrida
e terá ao seu lado, na campanha, uma plêiade de condenados, suspeitos,
investigados pela Lava Jato por vários crimes, a começar por José
Dirceu, aquele que, inexplicavelmente, está livre, leve e solto para
articular politicamente e atualizar o botox.
Alckmin,
citado na Lava Jato por delatores da Odebrecht como beneficiário de
dinheiro de caixa 2 para campanha, selou na semana passada o pacto com o
“Centrão”, nome do perfil fake de Mefistófeles. Fruto do casamento da
esquerda com as oligarquias, o Centrão reúne a fina flor de políticos de
regiões distintas do país que nada fizeram de bom pelas suas
comunidades nem pelo país e que, se reeleitos com seu candidato à
Presidência, farão menos ainda.
Uma das
eminências do grupo é o ex-deputado Waldemar Costa Neto, insuspeito de
ser insuspeito. Preso em 2013 por corrupção passiva e lavagem de
dinheiro, Waldemar foi quem indicou José de Alencar para ser vice na
chapa de Lula, condenado pelos mesmos crimes. Como prêmio pelo apoio,
Waldemar e seu partido, o PR, tiveram força e influência nos governos
Lula e Dilma, força que agora mantêm no governo Temer. Mesmo ainda
cumprindo pena, Waldemar continua sendo investigado pela Lava Jato por
outros crimes. Será ele o responsável por também indicar o vice do
candidato do PSDB?
Eis,
portanto, a sina de Alckmin, que na pesquisa do Ibope aparece com parcos
6% das intenções de voto: tem o Centrão, mas não tem eleitor. Mais do
que isso: numa eleição na qual as máquinas partidárias locais não terão,
provavelmente, o peso de outrora e as coligações regionais serão
distintas das coligações nacionais, Alckmin tem tudo para assumir o ônus
sem ter o bônus do pacto com Mefistófeles.
Continuando
na hipótese que aventei, um segundo turno entre Lula (ou seu candidato)
e Alckmin nos traria uma certeza imponderável: formada por aqueles que
foram condenados, processados ou estão sendo investigados por crimes
vários, a Bancada do Cárcereestaria no comando político do país, para
alegria dos corruptos, oligarcas e velhacos da política e, por que não?,
do PCC.
Não é o
que eu acredito, porém, que vá acontecer. Dadas as condições de hoje e
mantidas as circunstâncias – e não creio que tempo de tevê e
capilaridade partidária terão a influência que tiveram nas eleições
anteriores –, o que se delineia é o confronto no segundo turno entre
Bolsonaro e o candidato que sairá da briga entre irmãos esquerdistas:
tucanos e petistas.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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