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O primeiro Plano de Negócios e Gestão elaborado pela atual administração da Petrobras cobria o período de 2017 a 2021. O quadro de Usos e Fontes apresentado neste Plano mostrava uma geração operacional de caixa de US$ 158 bilhões, já descontados os dividendos pagos, conforme vemos a seguir:
Na época do seu lançamento nós criticamos muito o fato do plano prever vendas de US$ 19 bilhões de ativos e utilização de apenas US$ 2 bilhões do caixa sendo que no início de 2017 a empresa dispunha de US$ 21 bilhões em caixa e tinha a receber US$ 6 bilhões da Eletrobras e US$ 11 bilhões referentes à vendas de ativos feitas em 2016.
EMPRESA SÓLIDA – Portanto, já naquela época o próprio plano mostrava que não havia qualquer necessidade financeira que justificasse a venda de ativos.
Os US$ 158 bilhões de geração operacional de caixa previstos para este período significavam uma média de US$ 31,6 bilhões por ano, já descontados os dividendos, conforme informado. No período 2012/2016 a geração operacional de caixa da Petrobras girou em torno de US$ 26 bilhões sem descontos de dividendos.
Assim, mesmo o Plano não mostrando detalhes, podíamos imaginar que na ponta (2021) a geração operacional de caixa da companhia deveria estar girando em torno de US$ 35 bilhões.
UMA SURPRESA – Para nossa surpresa, a apresentação do segundo Plano da atual administração, cobrindo o período 2018/2022, o quadro de Usos e Fontes mostrava uma geração operacional de caixa de apenas US$ 142 bilhões, uma queda de US$ 16 bilhões em relação ao plano anterior (US$ 158 bilhões).
Ora, a diferença entre um Plano e outro foi a retirada do exercício de 2017 e a inclusão do exercício de 2022. Ou seja a retirada de um exercício com geração operacional de caixa girando em torno de US$ 26 bilhões (2017) e a inclusão de um exercício com geração operacional de caixa girando em torno de US$ 35 bilhões, uma diferença de US$ 9 bilhões.
Sendo assim, a geração operacional de caixa no Plano 2018/2022, dentro da normalidade, deveria ser de US$ 167 bilhões (158 + 9). Ou seja, US$ 25 bilhões superior aos US$ 142 bilhões apresentados.
SEM EXPLICAÇÃO – Nenhuma explicação foi dada para justificar esta diferença, que a nosso ver pode ter sido causada por uma premissa de excessivos valores sendo distribuídos aos acionistas (dividendos). Levantamos esta hipótese, baseada no fato de que em 2017 a BR Distribuidora entregou aos acionistas 95% de seu lucro, o que é inédito na história da Petrobras.
Mas o quadro de Usos e Fontes mostra também vendas de ativos no montante de US$ 23 bilhões, sem nenhuma utilização do caixa da empresa que no final de 2017 era de US$ 22 bilhões e a empresa tinha ainda a receber os US$ 6 bilhões da Eletrobras e US$ 8 bilhões da venda de ativos feitas em 2016.
Mais absurdo ainda é quando olhamos no lado dos Usos e vemos uma aplicação de US$ 8,1 bilhões no caixa da empresa. Ou seja estão vendendo ativos para aumentar o caixa, que já era enorme.
SEM JUSTIFICATIVA – Portanto, o caixa que estava em US$ 22 bilhões será aumentado em US$ 8,1 bilhões, além dos US$ 6 bilhões a receber da Eletrobras e os US$ 8 bilhões de venda de ativos em 2016, sem contar os US$ 25 bilhões que sumiram (foram mesmo dividendos?)
O fato é que não dá mais para esconder os resultados dos investimentos feitos no período 2009/2014 que agora começam a aparecer. Não tem mais como justificar venda de ativos.
A atual administração vai lançar até o final deste ano um novo Plano cobrindo o período 2019/2023. Esperamos que a palavra “venda de ativos” suma das previsões e os investimentos voltem com força. Vamos aguardar.
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