Criada
há quase 40 anos, a grife de produtos de plástico tem dez modelos com
numeração estendida – até o 43/44 – que podem calçar qualquer pessoa
Mais do que desafiar conceitos pré-estabelecidos do
que seja masculino ou feminino, criar produtos sem gênero definido
tornou-se diferencial de marcas que desejam criar um vínculo mais
próximo com uma geração sem rótulos. Classificadas como agênero, as
peças não se destinam a homens nem a mulheres: vestem pessoas.
Caso das coleções criadas pelo designer de moda Célio Dias, dono da marca mineira LED, que se define melhor como “livre de gêneros”. “Nascemos para ser uma marca que permite criar identidade com aquilo que cada um deseje ser. Prefiro definir como livre do que negar algo que existe, acho mais interessante”, argumenta Dias.
Sem padrão pré-definido – como modelagens amplas (característica comum em peças masculinas) ou marcações bem definidas, presentes nos modelos femininos –, as peças traduzem o que é necessário e importante naquele momento, reforça o designer, negando justamente a existência de um modelo a ser seguido por trás das roupas.
Exemplo característico da proposta criada por ele é um macacão-curinga que, apesar das pregas e da costura bem marcada, funciona para todo mundo. “O papel da moda é criar empatia com o outro. E se a roupa é incompatível com o que a pessoa expressa, deixa de fazer sentido”, avalia.
LED
Peças desenhadas pelo estilista mineiro Célio Dias, como o macacão da foto, são livres de rótulos e podem ser usadas por qualquer pessoa
Numeração estendida
Queridinha do público feminino, a Melissa também vem procurando atender quem tem vontade de calçar os sapatos de plástico, apesar do gênero com o qual se identifica. Há três anos, a marca incluiu no portfólio sapatos de numeração estendida, que começam no 33/34 e vão até 43/44. Atualmente, dez modelos se enquadram na categoria, que busca exatamente despadronizar o público ao qual se destinam.
“Caminhamos mais no sentido de atender à necessidade de quem gosta da marca do que de surfar em um movimento de mercado. Queremos que todos se sintam à vontade para usar produtos que sempre foram vistos como femininos. Reforçamos, assim, nosso discurso de aceitação”, destaca a gerente de Marca e Produto da Melissa, Raquel Scherer.
Recentemente, a Natura também colocou no mercado a primeira
fragrância que não se define por gênero. “No Gender”, da linha Faces,
foge das notas amadeiradas, típicas dos perfumes para homens, e dos
florais, característicos nos aromas para o público feminino.
Geração que dispensa rótulos é público-alvo de tendência
Brilhos, bordados, peplum (volume extra entre a cintura e o quadril) e lacinhos estão definitivamente fora do guarda-roupa da estudante universitária Mariana Nascimento Souza, de 23 anos. Contrariando opiniões bastante comuns de que quem se veste com peças masculinas quer parecer menos mulher (ou vice-versa), ela, que é menina, se identifica mais com os modelos nas araras dos homens do que com aqueles vendidos para o “sexo frágil”.
“As pessoas esquecem que há vários tipos de feminilidade e que não existe receita certa nem um método fechado de expressão. Reconheço-me como mulher, mas tenho o direito de compor minha imagem a partir de qualquer peça com a qual me sinta bem”, explica.
Justamente por causa da percepção equivocada de muitos e das poucas
possibilidades de consumir produtos sem gênero definido é que
praticamente tudo o que ela veste sai de lojas e sessões masculinas –
desde as calças, com modelagem mais ampla, passando pelas blusas, pouco
justas e sem decote, até chegar aos calçados, sem salto ou detalhes.
Estilo de vida
Trend hunter e professor no curso de moda do Centro Universitário Una, Aldo Clécius inclui Mariana na geração de consumidores dispostos a experimentar produtos independentemente do gênero com o qual se definem. Para ele, mais do que tendência que direciona o mercado, o posicionamento é um estilo de vida cada dia mais comum.
“Tem a ver com o discurso de liberdade de expressão cada vez mais apreciado pelos jovens, pela geração millennial. Falamos sobre nova masculinidade e feminilidade e sobre o direito de viver a vida sem necessariamente se enquadrar em um padrão imposto”, diz.
Caso das coleções criadas pelo designer de moda Célio Dias, dono da marca mineira LED, que se define melhor como “livre de gêneros”. “Nascemos para ser uma marca que permite criar identidade com aquilo que cada um deseje ser. Prefiro definir como livre do que negar algo que existe, acho mais interessante”, argumenta Dias.
Sem padrão pré-definido – como modelagens amplas (característica comum em peças masculinas) ou marcações bem definidas, presentes nos modelos femininos –, as peças traduzem o que é necessário e importante naquele momento, reforça o designer, negando justamente a existência de um modelo a ser seguido por trás das roupas.
Exemplo característico da proposta criada por ele é um macacão-curinga que, apesar das pregas e da costura bem marcada, funciona para todo mundo. “O papel da moda é criar empatia com o outro. E se a roupa é incompatível com o que a pessoa expressa, deixa de fazer sentido”, avalia.
“Acreditamos na beleza das pessoas se sentirem à vontade sendo quem são. Por isso, trouxemos esse conceito para a marca Faces, que acompanha as transformações do mundo” - Carolina Soutello, gerente global da marca Natura
Peças desenhadas pelo estilista mineiro Célio Dias, como o macacão da foto, são livres de rótulos e podem ser usadas por qualquer pessoa
Queridinha do público feminino, a Melissa também vem procurando atender quem tem vontade de calçar os sapatos de plástico, apesar do gênero com o qual se identifica. Há três anos, a marca incluiu no portfólio sapatos de numeração estendida, que começam no 33/34 e vão até 43/44. Atualmente, dez modelos se enquadram na categoria, que busca exatamente despadronizar o público ao qual se destinam.
“Caminhamos mais no sentido de atender à necessidade de quem gosta da marca do que de surfar em um movimento de mercado. Queremos que todos se sintam à vontade para usar produtos que sempre foram vistos como femininos. Reforçamos, assim, nosso discurso de aceitação”, destaca a gerente de Marca e Produto da Melissa, Raquel Scherer.
NATURA
Nova fragrância da linha Faces é livre de rótulos e regras; essência combina notas neutras, cítricas, aquosas, de ervas e especiarias
Nova fragrância da linha Faces é livre de rótulos e regras; essência combina notas neutras, cítricas, aquosas, de ervas e especiarias
Geração que dispensa rótulos é público-alvo de tendência
Brilhos, bordados, peplum (volume extra entre a cintura e o quadril) e lacinhos estão definitivamente fora do guarda-roupa da estudante universitária Mariana Nascimento Souza, de 23 anos. Contrariando opiniões bastante comuns de que quem se veste com peças masculinas quer parecer menos mulher (ou vice-versa), ela, que é menina, se identifica mais com os modelos nas araras dos homens do que com aqueles vendidos para o “sexo frágil”.
“As pessoas esquecem que há vários tipos de feminilidade e que não existe receita certa nem um método fechado de expressão. Reconheço-me como mulher, mas tenho o direito de compor minha imagem a partir de qualquer peça com a qual me sinta bem”, explica.
Mariana se identifica com peças de modelagem ampla: “Não gosto de babado, brocado nem de coisas apertadas”
Estilo de vida
Trend hunter e professor no curso de moda do Centro Universitário Una, Aldo Clécius inclui Mariana na geração de consumidores dispostos a experimentar produtos independentemente do gênero com o qual se definem. Para ele, mais do que tendência que direciona o mercado, o posicionamento é um estilo de vida cada dia mais comum.
“Tem a ver com o discurso de liberdade de expressão cada vez mais apreciado pelos jovens, pela geração millennial. Falamos sobre nova masculinidade e feminilidade e sobre o direito de viver a vida sem necessariamente se enquadrar em um padrão imposto”, diz.
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