A
mobilização dos caminhoneiros, cujas consequências objetivas estão à
mostra, é a primeira greve nacional sob a regência das redes sociais. As
manifestações de junho de 2013 foram um prenúncio, é verdade, do que
poderia acontecer. Agora aconteceu (o ensaio foi no governo Dilma, seis
meses antes do impeachment).
A
comunicação entre os participantes do movimento se deu – e se dá -,
basicamente, via WhatsApp. Até mesmo os desencontros aconteceram por
causa dessa gigantesca e incontrolável rede de comunicação.
É
verdade: ela, por falha nossa, que fique claro, não ‘permite’ que os
que recebem as mensagens – na média – pensem sobre o seu conteúdo. É
pegar ou largar.
Fato
concreto é que pela própria disseminação das informações, de origens
diversas, ficou ainda mais difícil saber com quem negociar, por parte do
governo. Algumas lideranças comandavam pequenos grupos e se comportavam
como seus representantes legítimos, porque assim se sentiram (há também
uma evidente tentativa de pura criminalização do movimento).
Eis
mais um evento para que aprendamos um pouco sobre o muito que ainda
precisamos saber sobre esse instrumento e o nosso comportamento quando
da sua utilização.
Até
mesmo do outro lado – dos consumidores, dos demais cidadãos -, o
contágio via redes sociais teve um efeito devastador. Muitas vezes, a
informação virou desinformação e causou pânico.
Agimos
como agem todos os da nossa espécie quando bate o medo: acionamos os
mecanismos de autoproteção (e da família), expondo o nosso tribalismo
mais primitivo. Assim, outros saíram prejudicados pelas nossas ações
puramente emocionais. Parte do desabastecimento se deve à corrida aos
centros de compra.
É
claro que os oportunistas se beneficiaram – e se beneficiarão sempre –
da realidade dura e do medo real. Mas assim caminha a humanidade desde
que ela surgiu (basta fazer uma breve pesquisa sobre o “gueto de
Varsóvia” e seu mercado negro).
Vigaristas
de toda espécie sempre estarão dispostos a ganhar algum com a tragédia
humana. Oportunistas políticos também surgirão para tentar levar o seu
quinhão – mas é parte do jogo em que os parasitas tentam tirar tudo o
que puderem e que lhes sirva.
Mas,
se algumas evidências vão aparecendo, ainda que sem muita clareza, uma
ótima pergunta já se impõe: as redes sociais podem mesmo jogar um papel
decisivo e favorável à população, inclusive no processo eleitoral?
(Ou pelo contrário?)
Ricardo Mota – TNH
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