A nefasta doutrina
politicamente correta é uma forma de censurar a liberdade de expressão,
exigindo a servidão mental de seus praticantes. O controle do
vocabulário, escreve Percival Puggina, "é sutil forma de dominação cultural e política":
Lembro-me da primeira
vez em que fui advertido de estar sendo politicamente incorreto. "Isso
significa que não posso usar a palavra promiscuidade?", perguntei
receoso. "Claro que não pode!", foi a resposta que ouvi. Desde então,
ser contra essa arenga virou preceito para mim. Tornou-se evidente, ali,
que o controle do vocabulário é sutil forma de dominação cultural e
política. Impõe servidão mental.
O politicamente
correto declara encerrados certos debates e dá por consensuais, por
irrecorríveis, conceitos boa parte das vezes insustentáveis numa
interlocução esclarecida e bem intencionada. Estamos vendo isso
acontecer todos os dias e o fato que trago à reflexão dos leitores dá testemunho. Encontrei-o por acaso, na internet.
Em maio passado, um
delegado de polícia, que é também jornalista, comentou em grupo do
whatsapp um estupro de menor (menina de 11 anos que vivia com a mãe).
Referindo-se ao caso, observou que "crianças estão pagando muito caro
por esse rodízio de padrastos em casa”. O delegado ocupava função de
direção na área de comunicação social de sua instituição. A frase foi
qualificada como machista e ele, de imediato, exonerado. Fora,
politicamente incorreto! Constatara uma obviedade: as sucessivas trocas
de parceiros por parte de mulheres independentes expunha as crianças a
contatos de risco.
Indagado pelo Jornal Metrópole sobre se estava arrependido o delegado respondeu que não.
“Precisamos discutir responsabilidades e freios morais. As crianças não podem pagar pelas atitudes desmedidas dos adultos, sejam eles homens ou mulheres. Quem leva uma prostituta para casa está arriscando a segurança de seus filhos. Da mesma forma como alguém que levar um psicopata, um ladrão, um homicida para dentro de casa estará colocando a vida dos filhos em risco”. E mais adiante:"Precisamos ter responsabilidade para enfrentar esse tema".
Criado o monstro é
preciso alimentá-lo. E ele é nutrido por casos como esse em que o
referido delegado ousou expor ideias que não devem ser expressas. Uma
coisa é a dignidade da pessoa humana e o respeito a ela devido. Outra é
assumir que, em vista dessa dignidade, resultem abolidos os valores que
lhe são inerentes. Ou que esses valores sequer possam ser explicitados
em público. E ai de quem faça alguma afirmação na qual se possa intuir
fundamento religioso ou da moral correspondente!
A afirmação do
policial foi irretocável, mas envolvia uma advertência sobre o exercício
irresponsável dos direitos sexuais. E há, sim, uma correspondência
entre direitos e deveres que, na situação genérica descrita, são os da
mãe, do pai, ou do cuidador responsável por menores no âmbito do lar.
Ora bolas!
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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