Por Folhapress
A defesa do presidente da J&F
(controladora do frigorífico JBS), Wesley Batista, entregou à
Procuradoria-Geral da República na quarta-feira (2) o relato sobre
esquema de pagamento de propina para fiscais do SIF (Sistema de Inspeção
Federal). O SIF é um órgão vinculado ao Ministério da Agricultura e é
responsável por assegurar a qualidade de produtos de origem animal.
As informações fornecidas pelo acionista
do grupo fazem parte do acordo de delação premiada assinado com a
força-tarefa da Operação Greenfield, que investiga investimentos de
fundos de pensão e tem como um dos alvos a Eldorado Celulose, empresa do
grupo J&F.
Ainda falta que os advogados do executivo
entreguem aos procuradores a lista com os nomes dos fiscais que teriam
recebido suborno e os documentos que comprovariam essas transações
ilícitas.
O relato de Wesley Batista aponta um
esquema de corrupção generalizada no SIF. O empresário diz que todas as
empresas do ramo tinham que pagar propina aos funcionários do órgão e
que a JBS alertou o Ministério da Agricultura sobre o problema, mas nada
foi feito.
Os fatos narrados pelo empresário
coincidem com o foco da Operação Carne Fraca, também da PF, que
investiga corrupção no setor de produção de proteína animal.
NOVOS RELATOS
Até o dia 3 de setembro serão entregues
novos documentos e relatos dos outros três delatores que preparam anexos
da delação premiada. Joesley Batista, irmão de Wesley e acionista do
grupo empresarial, e Ricardo Saud, diretor de relações institucionais da
companhia, estão concentrados em detalhar as planilhas em que foram
contabilizadas as propinas e as doações em caixa dois pagas a quase
2.000 políticos que defendiam interesses das empresas do grupo J&F.
Eles vão explicar a razão de cada um dos repasses.
Já as narrativas preparadas por Francisco
de Assis e Silva, diretor jurídico da J&F, são classificadas como
"anexos referenciais", pois corroboram pontos da delação de Joesley.
O diretor narrou encontros com o
ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), o operador financeiro Lúcio
Funaro, preso em Brasília, o empresário Victor Sandri, amigo do
ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, e o deputado federal Gabriel
Guimarães (PT-MG), próximo ao governador de Minas Gerais, Fernando
Pimentel (PT).
Os relatos de Silva seriam entregues
nesta semana com o material de Wesley, mas os advogados da empresa
resolveram fazer alterações na narrativa do delator.
A defesa agora estuda entregar o depoimento de Silva junto com o restante do material de Joesley e Saud.
OUTRO LADO
A assessoria de imprensa do grupo
empresarial J&F, controlador do frigorífico JBS e da Eldorado
Celulose, disse, por meio de nota, que "os colaboradores já apresentaram
informações e documentos à Procuradoria-Geral da República e continuam à
disposição para cooperar com a Justiça".
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