Por Agência Brasil | Fotos: Folhapress
O presidente Michel Temer reuniu na noite de hoje (27) ministros e
deputados da base aliada em mais um jantar antes da votação, marcada
para dia 2 de agosto na Câmara, que pode analisar a aceitação ou não da
denúncia contra ele. Na chegada ao Palácio do Jaburu, onde o presidente
mora, deputados confirmaram que ministros com mandato na Câmara dos
Deputados podem reassumir seus postos no parlamento temporariamente para
votarem contra a denúncia.
“Todos os ministros vão se licenciar. Todos”, disse o deputado Darcísio
Perondi (PMDB-RS). O líder do governo no Congresso, André Moura
(PSC-SE), também comentou o assunto, mas preferiu não confirmar. Citou
que, em reunião no Palácio do Planalto, a questão foi levantada e está
sendo discutida. “Foi até uma sugestão dos parlamentares que
participaram da reunião de hoje à tarde”.
Moura é favorável à ideia, que não é nova no governo Temer. Em abril, o
presidente decidiu que iria exonerar todos os ministros com mandato na
Câmara para que participassem da votação em plenário da Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) da Reforma da Previdência, prevista
inicialmente para ser colocada em pauta em maio, mas que ainda não foi
levada ao plenário. No mesmo mês, Temer exonerou os ministros Bruno
Cavalcanti, das Cidades; José Mendonça Filho, da Educação; e Fernando
Bezerra Filho, de Minas e Energia, para reassumirem as vagas de deputado
federal e votarem na projeto da reforma trabalhista, que foi aprovada.
“A presença dos ministros no plenário é a certeza do governo estar
presente na votação. Então, os ministros retornarão para poder votar, se
essa for a decisão tomada, na certeza de termos a presença do governo
lá dentro”, disse Moura.
A equipe de ministros de Temer conta com 14 deputados federais. Mas,
neste caso, apenas 13 deputados terão voto, uma vez que Raul Jungmann
(PPS-PE), ministro da Defesa, é suplente de Mendonça Filho (DEM-PE), que
será outro a deixar temporariamente seu cargo para voltar à Câmara.
Confiança
O discurso da base do governo é de confiança na aprovação do relatório
do deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), que recomenda o arquivamento da
denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o
presidente Michel Temer pelo crime de corrupção passiva. Para aceitar a
renúncia, rejeitando o relatório, a oposição precisa de 342 votos.
O deputado Carlos Marun (PMDB-MS) é confiante ao dizer que não há
número suficiente de votos contra o presidente. “Estamos absolutamente
certos de que a oposição não tem nem perto dos votos necessários para
produzir o resultado que ela quer, que é o afastamento do presidente”.
Além de votos, é preciso um quórum mínimo – também de 342 deputados –
para iniciar a sessão que apreciará a questão. Os aliados de Temer jogam
a responsabilidade para a oposição, ao mesmo tempo em que querem votar
rapidamente o relatório de Abi-Ackel.
“A responsabilidade de dar quórum não é nossa, é da oposição. Eu já dei
um exemplo disso no ano passado, no processo de impeachment [da
presidenta Dilma Rousseff]. Quem tinha responsabilidade de dar quórum
éramos nós, que éramos oposição à época. Nós trabalhamos e demos
quórum”, disse o deputado André Moura .
O deputado Beto Mansur (PRB-SP) também compareceu ao jantar e falou
sobre o quórum. “A gente vai ter a presença maciça de quem apoia o
governo. Acho importante no dia 2 de agosto estarmos juntos, liquidarmos
esse assunto e votarmos as reformas que são muito necessárias para o
Brasil”.
Ontem, após reunião com Temer no Palácio do Planalto, Mansur conversou
com jornalistas e deu uma estimativa aproximada de 280 votos pró-Temer.
Os parlamentares, ministros e também o presidente continuarão
trabalhando no fim de semana com o intuito de reunir o maior número de
votos possível. O foco do governo é virar a página da denúncia de
corrupção passiva e retomar as discussões da reforma da Previdência,
além da simplificação tributária.
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