A mais importante conquista do Brasil, segundo J. R. Guzzo (artigo publicado na revista Exame), foi "o
óbito e o sepultamento de um surto prolongado de demência ao qual se
deu o nome de “política econômica” do ex-presidente Lula, do PT e da
esquerda nacional":
No meio da gritaria
sobre as denúncias do procurador-geral da República contra Michel Temer,
os sucessivos anúncios de mais uma iminente derrota do governo na
votação das reformas e outros exercícios de maciça perda de tempo, não
tem chamado muita atenção a mais importante conquista do Brasil nos
últimos anos: o óbito e o sepultamento de um surto prolongado de
demência ao qual se deu o nome de “política econômica” do ex-presidente
Lula, do PT e da esquerda nacional.
Lula não foi o único
culpado. Foi, sem dúvida, o grande mestre de obras da coisa toda, mas
seu partido mostrou-se indispensável para criar, executar e apoiar
praticamente todos os disparates cometidos contra o progresso econômico
do país durante os 13 anos e meio em que estiveram lá. E Dilma Rousseff,
então? Trata-se de uma calamidade inventada unicamente por Lula, mas
ainda assim a ex-presidenta tem direitos autorais indiscutíveis sobre os
absurdos que saíram de sua cabeça.
São coautores
destacados, também, os integrantes do habitual angu de
empresários-escroques, intelectuais com diploma de economistas,
empreiteiros de obras públicas, bispos da Igreja Católica, senadoras
histéricas, gente que ganha a vida como chefe de “movimentos sociais”, e
por aí afora. Somados, produziram as Dez Pragas do Egito na economia
brasileira. Fora do governo, são um alívio — o simples fato de não
estarem mais com a caneta e a chave do cofre na mão já faz uma diferença
monumental para melhorar o presente e o futuro.
A expectativa no
momento é que não voltem mais. As previsões sobre o que vai acontecer
sempre são mais seguras quando feitas depois de ocorrerem os fatos
previstos — razão pela qual é melhor não garantir nada, principalmente
no Brasil. Mas é certo que todo mundo, hoje em dia, tem informações
precisas sobre a real natureza da gestão econômica de Lula. Desse “todo
mundo”, naturalmente, é preciso excluir os milhões de eleitores que não
têm informação, nem interesse, nem paciência para pensar em coisas de
governo; é um problema real, pois transforma o direito de voto numa
questão de fé.
O ex-presidente já
tirou todo o proveito possível dessa doença. Conseguirá de novo?
Precisa, em primeiro lugar, ser realmente candidato, coisa que não é.
Num país em que a maior parte da população pouco acredita na inocência
de quem é condenado à prisão — considera–se, ao contrário, que haja
gente demais fora da cadeia —, terá uma caminhada morro acima para
vender o conto de que é uma vítima.
Também não tem mais o
que prometer. Prometer o quê, a esta altura? Fazer o contrário, caso
eleito, de tudo que fez quando mandava? Limpar o Brasil da corrupção?
Investir na Petrobras para tornar o povão rico com o “pré-sal”? Chamar
seus marqueteiros hoje na cadeia para inventarem outras bolsas-família?
Na verdade, prometem que vão radicalizar — ou seja, vão cometer os
mesmos erros, só que em dobro.
O fato é que a cada
dia se fala mais abertamente nos resultados reais da “política
econômica” Lula-PT-Dilma — uma sucessão de fracassos, sobretudo nos
últimos cinco anos, difícil de ser igualada em qualquer governo. Estão
em sua conta os 14 milhões de desempregados; eles não apareceram de
repente, logo depois da deposição de Dilma. Conseguiram também jogar o
país na maior recessão de sua história, quebrar boa parte da indústria,
concentrar renda, arruinar o Erário, gastar como nunca antes na
concessão de privilégios, falsificar contas e anular os “ganhos sociais”
de que falam até hoje.
Gerir a economia,
para eles, é inventar indústrias “nacionais” para vender “sondas” à
Petrobras. É hostilizar o comércio com os Estados Unidos e achar que as
economias realmente promissoras deste mundo são as de Guiné, Venezuela
ou Faixa de Gaza. É entregar o governo e o Tesouro às empreiteiras e a
empresários-modelo, como Joesley Batista, Eike Batista e assemelhados.
Mais do que o erro, sua grande marca foi a estupidez. Terão agora de
explicar esse prontuário. Não será fácil.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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