Editorial mais ou menos
do Estadão sobre o tiranete que, ao invés de estar na prisão, está em
espúria campanha eleitoral. Enquanto esse sujeito não for condenado, não
levarei mais a sério a "República de Curitiba". Basta:
O oportunismo que
marcou a trajetória política do ex-presidente Lula da Silva, desde sua
ascensão como líder sindical, foi tomado durante muito tempo como uma
das virtudes capazes de levar um ex-metalúrgico a ocupar a Presidência
da República. A realidade dos fatos, sobejamente documentada nos autos
de um número constrangedor de processos judiciais a que responde,
encarregou-se de demonstrar que o mito do herói serve melhor à
literatura do que à política. Ao descortinar aos olhos dos cidadãos
minimamente informados fatos graves que só a fé cega em um demiurgo é
capaz de obliterar, as investigações sobre a conduta do ex-presidente
revelaram que de virtuoso o oportunismo não tem nada.
Em evento de posse da
nova direção do Partido dos Trabalhadores (PT) no sábado passado, na
Assembleia Legislativa de São Paulo, Lula se apresentou como o único
cidadão capaz de tirar o País da crise. Trata-se da imodéstia de quem se
vê acima de qualquer responsabilidade que possa recair sobre seus atos,
alguém ungido por um especial desígnio que justificaria qualquer
desvario político. “Se o PT deixar, serei candidato para voltar a ver
uma sociedade mais igual”, disse o ex-presidente. Poucas vezes uma
afirmação de Lula soou tão embusteira. O PT é Lula, o rumo do partido é a
expressão máxima de sua vontade. Portanto, o PT não tem qualquer
ingerência sobre sua eventual candidatura à Presidência em 2018. Aliás,
ainda que tivesse, esta prerrogativa, hoje, é exclusiva do Poder
Judiciário, que pode torná-lo inelegível pela Lei da Ficha Limpa.
Durante o discurso,
Lula mostrou que além de soberbo é incapaz de compreender a grandeza do
cargo que ocupou e que sonha em voltar a ocupar. Afirmando que para
voltar à Presidência “não precisa convencer os não convencíveis”, pois
lhe bastariam “50% mais um” dos eleitores, Lula deixou clara a visão
mesquinha que tem da Presidência da República, como se uma vez eleito
estivesse comprometido apenas com o destino daqueles que o apoiam, e não
com o de todos os brasileiros.
Ao arvorar-se em
único capitão habilidoso o bastante para conduzir um navio à deriva,
Lula esconde o papel determinante que teve na construção da pior crise
política, econômica e moral da história recente, o mais eloquente
atestado do desastre que o lulopetismo representou para o País. Em um
misto de vaidade e desfaçatez, o ex-presidente afirmou em seu discurso
na Assembleia Legislativa que “a melhor experiência de governança neste
país foi do PT”. Para ele, a profunda recessão econômica e os 14 milhões
de brasileiros desempregados são “fatos alternativos”.
Citado na delação
superpremiada do empresário Joesley Batista como beneficiário de uma
conta milionária abastecida com dinheiro de propina, Lula não se deu por
constrangido e lançou mão de seu conhecido senso de humor rasteiro.
“Estou quase fazendo delação para pegar os meus US$ 82 milhões”,
ironizou. O problema seria encontrar um possível delatado, já que as
investigações realizadas até agora colocam Lula no topo do esquema de
corrupção engendrado para pilhar os recursos do Estado.
Mas não foi só a
soberba, a imodéstia e a desfaçatez que marcaram o discurso de Lula na
posse da nova direção de seu partido. O cinismo também deu as caras
quando o ex-presidente afirmou que “o País nunca precisou tanto do PT
como agora”. Prometendo resgatar o “Lulinha Paz e Amor”, o ex-presidente
disse que “o PT é o único capaz de devolver a alegria ao povo
brasileiro”. Lula é o grande artífice da grave crise por que passa o
Brasil e por meio de seu discurso agressivo e excludente disseminou a
cizânia e implodiu todas as pontes para uma reconciliação nacional em
torno de um projeto de retomada do crescimento econômico, do
desenvolvimento social e do debate de ideias próprio da democracia em um
ambiente menos anuviado.
Se em meio à crise
paira a incerteza sobre qual caminho o País deverá seguir em 2018, o
lulopetismo já apresentou razões mais do que suficientes para a Nação
saber qual deve ser evitado.
blog orlando tambosi
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