MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 1 de junho de 2017

A nossa moral e a deles




Nós queremos bandido na cadeia. Eles querem bandido na Presidência


Se você votou no Aécio, como suponho ser o caso da maioria dos leitores desta coluna, deve hoje estar arrependido por um dia ter acreditado nele. Eu estou, confesso. Se você votou em Dilma-Temer, há uma grande possibilidade de que tenha sofrido um arrependimento semelhante. Entre seres humanos normais, não contaminados pelo vírus da ideologia esquerdista, é assim: você aprende com a experiência e tenta não repetir os mesmos erros no futuro. 

A cabeça do militante, porém, não funciona do mesmo modo. A realidade, para ele, é sempre algo que está a serviço da ideologia partidária. Não por acaso, a palavra "mentira" tem a mesma raiz da palavra "mente". O mentiroso existencial acha que o produto da sua mente é superior à própria realidade. 

A diferença entre a maioria das pessoas e a elite político-ideológica tem sido exposta com muita clareza nos últimos dias. O cidadão comum, ao notar que o político apoiado por ele na verdade era um pilantra, sente-se traído e deseja que o cara vá para o xilindró. O militante ideológico, quando descobre que o seu líder na verdade é um bandido, revolta-se contra a realidade. Quer punir o juiz, o policial, o jornalista, qualquer um que tenha descortinado a verdade, menos o criminoso. Pelo contrário: o militante quer que o bandido seja presidente! 

A pessoa normal aceita a realidade. O militante revolta-se contra ela. Isso tem um nome técnico: gnosticismo. 

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Para os gnósticos modernos, carpideiras de bandidos, é perfeitamente normal ao mesmo tempo festejar a soltura de José Dirceu e defender a prisão de Sergio Moro. Eles não se arrependem de nada, nunca. E, como não se arrependem, são incapazes de perdoar os erros alheios. Reconhecer os próprios erros e limitações é uma das qualidades que nos tornam humanos. Sem isso, a autoconsciência é substituída pelo autoengano. Assim é o mundo dos militantes: um mundo sem perdão, o campo de extermínio da personalidade humana. 

Se você nunca se arrependeu de nada na vida, tenho más notícias: você não é um ser humano. O processo de arrependimento e perdão integra o núcleo da nossa alma. Do contrário, as pessoas se entredevorariam como serpentes e ratazanas. Não foi por outra razão que os grandes genocídios modernos — o comunismo e o nazismo — se fundamentaram na total impossibilidade do perdão. 

Como ensinava o professor José Monir Nasser, em sua brilhante aula sobre o Livro de Jó, a estratégia do diabo é exigir a perfeição do ser humano, levando-o ao remorso. "Nunca tenha remorso na vida; tenha arrependimento. Se você fez alguma coisa que não deveria ter feito, diga assim: ‘Puxa vida, sinto muito, deu errado, não vou fazer de novo’. E acabou. Agora, passar o resto da sua vida sem dormir, esse é o jogo que o diabo quer que você faça". 

Já fiz muitas coisas erradas nesta vida. Votei no Lula, acreditei no Aécio, defendi o aborto, fui comunista, fui sindicalista, fui ateu. Usei esses erros todos para tentar melhorar. Não sei se consegui, mas de uma coisa tenho certeza: jamais terei bandidos de estimação só para confirmar minhas pobres i
COLUNA DE PAULO BRIGUET / FOLHA DE LONDRINA

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