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Armando F.
Valladares
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É
sintomática a recente atitude do regime cubano de proibir a entrada em Cuba do
secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), Luis Almagro, do
ex-presidente do México, Felipe Calderón, e da ex-ministra chilena Mariana
Aylwin. Eles participariam de uma homenagem ao dissidente cubano Oswaldo Payá,
morto em 2012 em um suspeito acidente de trânsito, cujas características levaram
sua família e observadores internacionais a qualificar o “acidente” como um
assassinato.
O
ex-presidente Calderón, depois de qualificar de “despótica” e “indignante” a
proibição castrista, afirmou que, em sua opinião, essa medida transforma em
pedaços a sua expectativa e a de outras personalidades internacionais de que “as
coisas mudariam” na Cuba comunista, caso se contemporizasse com o seu
regime.
Vinte
ex-presidentes ibero-americanos, a chancelaria chilena e várias personalidades
condenaram a proibição da entrada de Almagro, Calderón e Aylwin em Cuba. Em
sentido contrário, a diplomacia vaticana manteve, segundo consta, um hermético e
sintomático silêncio.
Por
ocasião de sua viagem a Cuba, em setembro de 2015, o Papa Francisco disse que os
“muros” deviam ser derrubados para darem lugar a “pontes”. Tal como se divulgou,
foi ele próprio quem se encarregou de orientar a diplomacia do Vaticano para
construir uma “ponte” entre o regime cubano e o governo Obama, levando o então
presidente americano viajar a Cuba em março de 2016, poucos meses após a visita
papal.
No seu
conjunto, tanto a viagem papal quanto a de Obama, interpretadas por muitos como
uma ajuda para alcançar a liberdade do povo cubano, constituíram pelo contrário,
objetiva e independentemente das intenções daqueles altos protagonistas, um
gigantesco respaldo publicitário ao regime da Ilha-prisão.
Imitando Francisco ou Obama, outras chancelarias e
organismos internacionais estenderam pontes para Cuba. Dois anos depois, a
repressão do regime comunista não fez senão aumentar. Os resultados estão à
vista. São as “pontes” e não os “muros” castristas que estão se desmoronando.
Em 3 de
outubro de 2015, poucos dias após a viagem papal a Cuba, no artigo intitulado
“Francisco abraça os lobos e sustenta o muro comunista”, tive ocasião
de alertar com profunda dor, enquanto católico, cubano e ex-prisioneiro político
durante décadas, que na realidade as “pontes” em construção sob o auspício de
Francisco estavam servindo não para a libertação do povo cubano, mas para ajudar
política, financeira e diplomaticamente o regime comunista de
Havana.
E vi-me
obrigado a constatar que, lamentavelmente, Francisco está sendo o principal
arquiteto da construção da nefasta “ponte” obamista e do reforço do “muro” da
vergonha que continua oprimindo os habitantes da Ilha-prisão.
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Armando
Valladares, escritor, pintor e poeta, passou
22 anos nas prisões políticas de Cuba. É autor do best-seller
“Contra toda a esperança”, no qual narra o horror das prisões
castristas. Foi embaixador dos Estados Unidos perante a Comissão de Direitos
Humanos da ONU durante as administrações Reagan e Bush. Recebeu a Medalha
Presidencial Cidadão e Superior Award do Departamento de Estado. Em 2016 foi
condecorado com a Medalha de Canterbury, prêmio devido à sua luta pela liberdade
religiosa no mundo inteiro, patrocinado pelo Fundo Becket pela Liberdade
Religiosa. Escreveu numerosos artigos sobre a colaboração eclesiástica com o
comunismo cubano e sobre a “Ostpolitik” do Vaticano em relação a Cuba, vários
dos quais podem ser lidos no site http://www.cubdest.org.
Nota: Este artigo publicado em
“Destaque Internacional” (27-2-17), traduzido do original espanhol por Paulo
Roberto Campos, pode ser reproduzido livremente em qualquer mídia impressa ou
eletrônica.
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sábado, 4 de março de 2017
Papa Francisco: muro cubano, pontes e desmoronamentos
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