Concessionária afirmou que tem oferecido ajuda aos parentes das vítimas.
Filho diz que empresa sequer prestou solidariedade após a tragédia.
Pai e dois meninos que morreram eletrocutadas em São Gonçalo (Foto: Arquivo Pessoal)
A família das vítimas eletrocutadas por um cabo de energia em São
Gonçalo, Região Metropolitana do Rio, no domingo (3), afirma não ter
recebido da Ampla
qualquer tipo de assistência desde a tragédia. Em nota divulgada à
imprensa, a concessionária havia afirmado estar “prestando toda a
assistência à família das vítimas”, o que foi contestado pelos parentes.O engenheiro mecânico José Paulo de Abreu, de 62 anos, filho de Adão Orlando Silva Moraes, de 87 anos, uma das quatro vítimas mortas, afirma que os parentes sequer receberam solidariedade. “[a Ampla] não fez contato nenhum. Não esteve em nenhum no IML, na delegacia, no hospital, no cemitério ou nas nossas casas”, afirmou.
Questionado sobre que tipo de assistência a família precisaria, José foi enfático ao dizer que esperava ao menos uma atitude solidária por parte da empresa. “Pelo menos que eles colocassem assistente social, psicólogo, para atender a família. Eu perdi o meu pai. Mas e a mãe que perdeu o marido e os dois filhinhos, um de 13 e um bebezinho de 9? Ela está arrasada”, disse.
Adão morreu tentando socorrer o filho e os netos de
sua companheira, que sobreviveu à tragédia
(Foto: Arquivo pessoal)
Além de Adão, morreram Rafael Rafael Sergio Alcântara Oliveira, de 35
anos, e seus filhos Lucas, de 13 anos, e o bebê de apenas 9 meses. A
esposa de Adão, Maria de Nazaré, de 60 anos, sobreviveu à descarga
elétrica e segue internada. Seu estado de saúde é grave, mas estável.sua companheira, que sobreviveu à tragédia
(Foto: Arquivo pessoal)
Por telefone, a assessoria da Ampla reafirmou ao G1 que está prestando assistência e destacou ter providenciado a transferência, de um hospital público para um particular, de Maria de Nazare, esposa de Adão, única sobrevivente da tragédia. “Ela foi transferida pela minha intervenção. Quando sai da delegacia fui lá no [Hospital] Azevedo Lima, que acionou o plano de saúde do meu pai, do qual Maria é beneficiária, e fez a transferência dela pra o Hospital das Clínicas”, garantiu José.
“A princípio, eu só quero que seja feita justiça para que não aconteça com outras famílias o que aconteceu com as nossas. Vamos tentar de todos os meios para que isso não fique impune. A única coisa que a Ampla fez até agora foi tentar jogar a culpa para terceiros, alegando que foi uma explosão”, ressaltou José.
Um cabo de média tensão se rompeu e atingiu o carro de Rafael, que havia acabado de colocar o bebê dentro do veículo enquanto a família se despedia dos parentes.
O adolescente de 13 anos tentou tirar o irmão de dentro do carro e também recebeu a descarga elétrica. Depois, o pai das crianças e o padrasto dele correram para prestar socorro, e também foram atingidos.
Maria de Nazaré foi a última a tentar ajudar. Ela também levou um choque, mas resistiu. Sofreu queimaduras em várias partes do corpo.
Polícia investiga
José Paulo fez questão de elogiar o trabalho da polícia. Disse que percebeu empenho da delegacia em apurar as causas do acidente.
A Ampla disse que identificou um curto-circuito de grandes proporções na noite em que ocorreu a tragédia. Segundo a empresa, ele teria sido provocado pelo choque de um objeto na rede perto do local onde o cabo se rompeu.
Técnicos da empresa procuraram a polícia pra dizer que o acidente pode ter sido causado por uma bomba caseira colocada dentro de um freezer. Ela teria explodido e atingido a rede elétrica. O eletrodoméstico foi encontrado a cerca de um quilômetro do local onde a família foi atingida.
Moradores contaram à polícia que a fiação elétrica da rua é antiga e com remendos. A polícia aguarda o resultado da perícia. E está em busca de imagens de câmeras de segurança da rua.
Nenhum comentário:
Postar um comentário