Direitistas costumam criticar tucanos por
serem pouco assertivos contra o governo. Mas a direita também não é
nada melhor neste sentido. Podemos até fazer um teste científico:
avaliar qual a proporção de como termos como “golpista” e “fascista”
(dentre outros rótulos) são mais utilizados por bolivarianos contra
republicanos, e depois comparar seu uso por republicanos contra
bolivarianos. Já se pode apostar, logo de cara, que os bolivarianos são
mais ágeis na rotulagem. Nada que a criação de uma conscientização
política republicana em larga escala não resolva.
Enquanto isso não ocorre, os seres
humanos cujos sistemas morais envergonhariam a uma cascavel capitalizam
politicamente. Collor caiu em 1992, mas Dilma está se segurando no poder
em parte por utilizar os mesmos recursos de que o primeiro já havia
lançado mão. Aqui vivemos um dos paradoxos da política republicana: a
direita é o grupo que mais reclama contra a impunidade de criminosos,
mas ao mesmo tempo é o que mais promove a impunidade de políticos
desonestos. Em relação aos criminosos (por exemplo, os menores
assassinos e estupradores), podemos exigir punições justas. Em relação
aos políticos intelectualmente desonestos, nós poderíamos começar a
rotulá-los mais justamente e em muito mais quantidade do que eles nos
rotulam. Ao optarmos por não disputar o jogo de rótulos, no entanto,
temos incentivado a barbárie intelectual. A recusa em jogar o jogo de
rótulos transmite a seguinte mensagem: “Contra nós, o crime intelectual
compensa”.
De qualquer forma, abaixo está um vídeo
de 1992 em que Collor perpetrava os mesmos truques retóricos que hoje
estão servindo como uma luva para ir segurando o PT no poder. A
diferença é que contra Collor estavam os petistas, que não iam deixar
esse jogo de rótulos barato. No dia em que resolvermos partir para este
combate, a vida política petista começará a se complicar também.
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