Resultado da consulta será respeitado 'seja ele qual for', disse Tsipras.
Em entrevista, líder grego afirmou que o referendo é arma para negociar.
Povo grego reúne-se em frente ao Parlamento em Atenas, nesta segunda-feira (29) (Foto: Reuters/Alkis Konstantinidis)
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras,
pediu que o povo rejeite no referendo de 5 de julho as propostas de
reforma necessárias para obter ajuda internacional e evitar um calote de
sua dívida. A declaração foi feita em entrevista a uma rede de TV
pública do país, nesta segunda-feira (29).O país foi alertado de que se o referendo decidir contra o acordo (pelo "não") levaria Atenas à saída do bloco econômico. "Eu não acho que o plano deles seja expulsar a Grécia da zona do euro, mas acabar com as esperanças de que pode haver políticas diferentes na Europa", disse o primeiro-ministro em uma televisão pública.
O premiê grego também assinalou em seu discurso que os gregos "sobreviverão sem um programa [de resgate]". "Vamos sobreviver e vamos escolher nosso futuro", disse. "Nossa escolha é permanecer na Zona do Euro. Somos hóspedes na Europa. A Grécia está no coração da Europa".
Tsipras disse não achar que os credores querem que a Grécia saia da Zona do Euro, alegando que o custo disso seria enorme. Ele afirmou que se os credores fizerem uma oferta hoje, Atenas pagará o FMI na terça. "Meu telefone está ligado todo o dia. Quem me ligar eu sempre atendo", disse.
Referendo é "arma para negociar"
Segundo ele, os líderes europeus apoiam o pedido da Grécia para estender o programa de ajuda por mais alguns dias. O país pediu um prazo para fazer um referendo no próximo dia 5 de julho.
Nele, o povo grego decidiria se aceita as reformas propostas pelos credores internacionais. Tsipras disse que vai respeitar a decisão do povo grego "qualquer que seja", e após a votação o governo retomará as negociações. "O referendo dará à Grécia melhores armas para negociar".
Na noite desta segunda, milhares de gregos reuniram-se em frente ao Parlamento em Atenas para dizer "não" às reformas exigidas pelos credores, seis dias antes do referendo proposto.
O risco de um calote da Grécia e a saída do país do bloco e da União Europeia aumentou consideravelmente nos últimos dias após impasses nas negociações e da decisão do governo grego de fechar os bancos e limitar os saques nos caixas automáticos.
A falta de pagamento expõe o país a uma série de sanções que podem incluir até sua expulsão da Zona do Euro. A primeira será automática: se o FMI não receber a transferência do banco nacional grego, o país será imediatamente declarado em moratória. Consequentemente, a Grécia não receberá mais ajuda da entidade.
O país tem até esta terça-feira (30) para pagar € 1,6 bilhão ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e depende de um empréstimo dos outros países europeus para fazer esse pagamento. Mas, no fim de semana, o primeiro-ministro grego decidiu que vai fazer um referendo no próximo dia 5 para saber se aceita as condições desse empréstimo, que incluem alta de impostos e cortes nas aposentadorias.
Na última década, a Grécia gastou bem mais do que podia e pediu empréstimos volumosos para financiar suas despesas. O resultado é que o país ficou refém da crescente dívida. Nesse período, os gastos públicos dispararam, com os salários do funcionalismo praticamente dobrando. A arrecadação do governo não acompanhou o ritmo, com evasão de impostos.
Atualmente, a dívida grega é de mais de € 320 bilhões (em torno de R$ 1 trilhão) e supera, em muito, o limite de 60% do PIB estabelecido pelo pacto assinado pelo país para fazer parte do euro.
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