MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 22 de fevereiro de 2015

No caso Petrobrás,: ao culpar FHC, Dilma culpa Lula também


Pedro do Coutto
Após receber os embaixadores estrangeiros, menos o da Indonésia, sexta-feira no Palácio do Planalto (reportagens de Mariana Haubert Folha de São Paulo, e Carolina Alencastro, O Globo, ambas nas edições de sábado), a presidente Dilma Rousseff culpou o governo Fernando Henrique Cardoso pelo início do processo de corrupção na Petrobrás. Frisou que se tivessem investigado o esquema naquele momento não teríamos o caso de Pedro Barusco que atuou durante 20 anos nos desvios da empresa estatal.
Ora, se a culpa, para a presidente da República retroagiu aos anos 90, e chegou aos dias de hoje é porque a torrente de roubos não foi estancada pelo governo do ex-presidente Lula, seu antecessor e grande eleitor nas urnas de 2010 e do ano passado.
Como digo sempre, na política e na vida não basta ver o fato e sim também ver no fato. No caso, uma coisa leva a outra. Se houve omissão por parte de FHC omissão ocorreu também ao longo da administração de Luis Inácio Lula da Silva. Isso de um lado. De outro a presidente da República com suas palavras confirmou a existência da colossal corrupção que atinge a Petrobrás. Caso contrário ela não teria balizado o seu início em tempos remotos o que tacitamente acentua sua permanência inclusive até o seu primeiro governo.
DIMENSÃO DOS ROUBOS
Vale destacar também a dimensão dos roubos praticados e sua influência na situação financeira da empresa e seu reflexo no mercado de ações que se estende até a Bolsa de Nova Iorque. Por que isso? Simplesmente porque a dimensão do processo corruptor alcançou níveis difíceis de imaginar nos últimos 12 anos, portanto, depois do período FHC. Não quer dizer que Pedro Arbusco não tenha atuado naquele período, porém os roubos praticados através de doleiros e empreiteiras não tiveram a expressão e a repercussão pública dos níveis a que chegaram depois.
DEVOLUÇÃO DE R$ 4,5 BILHÕES
Os prejuízos causados foram de tal ordem que a Procuradoria Geral da República está cobrando das empreiteiras e de seus executivos a devolução de nada menos que 4,5 bilhões de reais aos cofres públicos como acentuou a reportagem de Aguirre Talento e Flávio Ferreira também na edição de ontem da FSP. Seis empresas encontram-se nominalmente citadas envolvendo intermediações em contratos e pagamentos de propinas.
A situação se complica a cada dia para os corruptos, corruptores e lobistas através das delações premiadas de réus confessos em todo o panorama criminal, como é o caso do ex-diretor Paulo Roberto Costa. Os fatos estão comprovados à luz da realidade, bastando comparar os patrimônios dos principais acusados antes e depois do vendaval da corrupção.
LULA E DILMA
Para Dilma Rousseff, o clima esquenta cada vez mais e acentua as dificuldades que a cercam crescem de importância política, pois as ações repressivas a serem tomadas pela Justiça, e pelo próprio governo, atingem em cheio o período de seu antecessor no Planalto, além do seu próprio partido o PT, acusado de pertencer diretamente ao esquema montado e impulsionado até os limites do absurdo.
Depois de suas declarações na sexta-feira, reproduzidas ontem na imprensa, Dilma Rousseff não tem mais qualquer hipótese de recuar nas acusações que direta e indiretamente tornou públicas. Sem linha de recuo possível, a presidente da República, para garantir a própria estabilidade, a partir de agora só poderá seguir em frente. Era o que deveria ter feito desde o início do processo que explodiu em 2014, atingindo negativamente a imagem de seu governo e de si própria diante da opinião pública do país, e, portanto de toda a população brasileira.

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