Brasileiros visitam ONGs em lugares pobres durante viagem de inspiração.
Na volta, advogada e administrador querem trabalhar na área social.

A rotina dos brasileiros Felipe Brescancini Melo, de 31 anos, e Gabriele Garcia, de 28, mudou radicalmente desde que eles decidiram largar tudo para se jogar no mundo.
O casal em Burundi conhecendo uma escola (Foto: Think Twice/Divulgação)Decididos a mudar de área de atuação, os dois se conheceram em um curso de negócios sociais, começaram a namorar e, em agosto do ano passado, lançaram-se em uma viagem de pouco mais de um ano pela África e pela Ásia. A ideia é conhecer iniciativas e pessoas transformadoras pelo caminho e, no retorno, criar algo no Brasil voltado para essa área.
(VEJA VÍDEO COM MOMENTOS DA VIAGEM ACIMA)
Enquanto isso, eles postam relatos e vídeos das experiências em seu site e no Facebook. O projeto foi batizado de Think Twice (pense duas vezes). “A gente queria aprender na prática, sair do nosso mundo onde nunca faltou nada e ganhar conhecimento de causa. Vimos que não adiantava ficar na cadeira confortável do escritório. É como um 'mestrado da vida'”, diz Gabriele.

Nada de pontos turísticos
O casal em Chiredzi, no Zimbábue (Foto: Think Twice/Divulgação)O roteiro não está fechado, mas a meta é visitar de 30 a 40 países até setembro deste ano, quando pretendem voltar para o Brasil.
A viagem é principalmente por terra, e eles só pegam avião quando é necessário evitar zonas de conflito. A maioria das localidades que eles visitam fica no “interiorzão” do continente.

No roteiro, nada de pontos turísticos. “Vamos a uma ou outra atração quando dá para encaixar, mas definitivamente não é uma prioridade. É uma viagem de imersão, para conhecer uma realidade que quase ninguém está disposto a enxergar. Não é uma volta ao mundo para conhecer praias”, diz Gabriele.
Fogueira, escorpiões e banho de caneca
Felipe
e Gabriele entregando colchões em um orfanato que acolhe meninos de rua
em Kampala, Uganda. (Foto: Think Twice/Divulgação)Os dois costumam entrevistar os responsáveis ou fundadores para entender como funciona cada organização. Às vezes ajudam com pequenos trabalhos, mas o foco não é no voluntariado. “O que a gente quer é inspirar pessoas e aprender. Queremos transformar nosso país na volta com as melhores ideias que a gente conseguir tirar”, diz Gabriele.
Alguns projetos permitem que eles se hospedem no local. O esquema, contam, é simples: o banheiro é um buraco no chão, o banho é de caneca e com água fria, a comida é na fogueira. “No Quênia, ficamos em um centro para órfãos e viúvas, vivendo com aquele pessoal todo sem luz, sem água, em um quartinho de terra batida com aranhas, escorpiões. Não é brincadeira”, diz Gabriele.

“É um gesto pequeno, mas toda vez que amarramos nos braços das pessoas, parece um respiro de esperança”, diz Gabriele. ”É um pouco mágico acreditar que fazer pedidos e amarrar uma fitinha traz a esperança de que se realizem algum dia.”
Mais barato que um MBA
Felipe e Gabriele no vilarejo de Chintandu, na Zâmbia, com uma familia local. (Foto: Think Twice/Divulgação)Gabriele conta que as pessoas mais pobres têm sido as mais generosas. “Nos hospedamos em zonas rurais, em que as famílias vivem abaixo do índice de pobreza, e eles faziam questão de compartilhar o que tinham com a gente e com a própria comunidade”, diz.
Segundo Felipe, eles passaram por altos e baixos, momentos de cansaço e situações em que encontraram clima hostil, mas não vivenciaram nada mais grave. “A gente confia na justiça do universo e na força que vem quando se está fazendo o bem”, diz.
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