Ministro petista chama senador petista de desinformado. Melhor seria ter chamado de mal intencionado.
O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) reagiu nesta segunda-feira (24) à cobrança feita
pelo vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), de que ele precisa
ter uma atuação mais "forte" para inibir vazamentos seletivos da
Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga um esquema de
fraudes envolvendo a Petrobras.
Cardozo afirmou à Folha que a reclamação de Viana foi provocada
por desinformação. Segundo o ministro, cabe à Procuradoria-Geral da
República, que é responsável pelas delações premiadas da operação,
avaliar se houve vazamentos. Nesses episódios, ele pode apenas sugerir
que o Ministério Público avalie se há alguma ilegalidade na publicidade.
"Acho que é uma cobrança que se faz do Ministério da Justiça apenas por
desinformação. Talvez, o senador desconheça que a responsabilidade para
apurar o vazamento é da autoridade que promove a investigação naquele
momento. Neste momento, [as delações] estão com o Ministério Público",
afirmou. "Não tenho poder nem a PF tem poder de investigar algo que ela
própria
desconhece, que eu não sei se houve vazamento ou não", completou. Ele
afirmou que o Ministério da Justiça tem apurado sempre que há divulgação
de inquérito policial por fontes não oficiais.
Viana reclamou sobre a "manipulação política" dos depoimentos das
delações premiadas dos acusados de participação nas fraudes envolvendo a
estatal. Segundo o petista, "nessas horas, a gente tem que ter um ministro da
Justiça forte que não aceite esse tipo de manipulação de um processo tão
importante que pode ajudar a Petrobras a ficar melhor".
O senador citou o fato de a PF ter admitido que o nome do atual diretor
de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, apareceu em
depoimentos dos presos da operação por "erro material".
Ele afirmou que não foi tomada nenhuma medida para apurar o equívoco.
Outro episódio que teria desgastado Cardozo foi à revelação de que
delegados envolvidos com o caso teriam utilizado redes sociais para
demonstrar preferência pelo candidato derrotado pelo PSDB à Presidência,
senador Aécio Neves (MG). O ministro mandou apurar a situação.
FRITURA
A fala do senador também ocorre um dia após reportagem do jornal "Estado
de S. Paulo" apontar que o delator do esquema e ex-diretor de
Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa teria afirmado que o líder
do PT no Senado, Humberto Costa (PE), recebeu R$ 1 milhão do esquema. Desde o início da operação que investiga o esquema de corrupção na
Petrobras e durante a campanha eleitoral, alas do PT responsabilizam
Cardozo pelo governo ser surpreendido sobre o andamento da apuração que
envolve partidos, políticos e empreiteiras. Os petistas dizem que ele
teria perdido o controle da PF.
Em relação ao fogo amigo do PT, Cardozo disse que é preciso entender que
não se pode falar em algum tipo de controle político de uma
investigação. "Infelizmente, as pessoas não estão imbuídas da mentalidade republicana
que permita perceber que a investigação tem que ser feita com autonomia.
O que não pode haver é desrespeito à lei", disse.
BLOG DO CORONEL
Nenhum comentário:
Postar um comentário