FREDERICO HAIKAL/ Hoje em Dia
Socialização é importante para melhorar a qualidade de vida dos idosos
Em cerca de 50% dos 853 municípios mineiros, o ambiente é pouco
favorável para as pessoas com mais de 60 anos. Segundo o Índice de
Condição de Vida para os Idosos (ICVI), lançado nessa quarta-feita (26)
em Belo Horizonte, em 415 cidades a situação varia de regular a péssima.
O indicador, que vai de 0 a 1, leva em consideração renda, educação,
demografia, acesso a moradia e saúde e os direitos de quem está na
terceira idade. Nessas localidades, a “nota” ficou entre 0,21 e 0,54.
Boa parte dos municípios “reprovados”, de acordo com o levantamento,
fica na porção Norte do Estado, onde estão regiões como os vales do
Jequitinhonha e do Mucuri. Já na porção Sul, englobando, por exemplo, o
Triângulo Mineiro, a região Central e a Zona da Mata, a variação está
entre 0,54 e 0,83, ou seja, entre “boa” e “excelente”.
O ICVI, realizado pelo Observatório Mineiro da Pessoa Idosa, parceria
entre PUC Minas e Assembleia Legislativa, não divulgou dados separados
por município, exceto o de BH (0,76), considerado excelente.
De acordo com a coordenadora do Observatório, Karina Junqueira, o
objetivo não foi fazer um ranking das cidades, mas, sim, mostrar a
realidade de cada uma, o que servirá de base para o planejamento de
políticas públicas. “Fizemos um retrato da realidade mineira para
visualizarmos como estão vivendo os idosos. Existe uma ideia de que a
condição das pessoas idosas está ligada apenas à saúde, mas há muitos
outros fatores envolvidos”, frisou.
O mapa traçado revela uma relação do índice com outros indicadores,
como renda e habitação. A gerente de acompanhamento e avaliação de
políticas públicas da Assembleia, Regina Magalhães, revelou que isso já
era esperado e destacou as disparidades entre as regiões mais próximas
ao semiárido mineiro com as do Sul do Estado. “As cidades com melhor
qualidade de vida para a população são as que apresentam melhor situação
para o idoso. Esses dados poderão servir para o governo direcionar
ações para as áreas mais problemáticas”, apontou.
Gargalo
Para o coordenador do Movimento Pró-idoso, Carlos Alberto dos Passos,
mesmo com o bom resultado do índice na capital, o grande problema na
cidade continua sendo a saúde. “Queremos um tratamento digno. Os
medicamentos continuam caros e o atendimento fica a desejar. Também
faltam informações. Quando o idoso é bem informado, ele procura o
atendimento adequado”, observou.
Karina Junqueira reforçou que a saúde foi o grande gargalo para o
levantamento do índice. “Nem todos os municípios fazem registros como,
por exemplo, as internações por doenças que poderiam ser tratadas nas
unidades de saúde. Esse foi um dos dados que muitos municípios não
tinham e, por isso, não foi utilizado para compor o indicador”. Os
demais dados levaram em consideração o Censo de 2010.
Espaço para atividade física e muito bate-papo
Engana-se quem pensa que casas de convivência para idosos são apenas os
famosos asilos, onde eles moram e só saem para passeios. No bairro
Cidade Jardim, zona Sul de BH, um espaço de luxo reúne, diariamente,
pessoas com idade superior aos 60 anos que vão para lá praticar
atividades físicas e bater papo. Ao fim do dia, elas voltam para o
aconchego do lar, ao lado da família. Os que não têm com quem ficar em
virtude da viagem de um parente podem passar temporadas no local.
A ideia é que no Exclusive Idade, inaugurado há três meses, os
frequentadores – a maioria mulheres – se movimentem e tenham melhor
qualidade de vida. Fundadora do espaço, Sirlene Josefa da Silva Arantes
explica que o objetivo da casa é oferecer saúde, afeto e lazer. “O
público feminino está crescendo e muitas vezes fica doente pela falta de
atividade física e convívio social”, frisou.
Que o diga Maria Glória Barbosa da Silva, de 82 anos. Ela foi uma das
primeiras clientes e, duas vezes por semana, pratica pilates, faz
terapia ocupacional e conversa com as amigas.
A idosa conta que, antes de conhecer o local, frequentemente se
esquecia de detalhes do dia a dia. “A mente estava muito ruim e tinha
dificuldades para andar e abaixar. Agora eu melhorei muito. Renovei uns
dez anos”, comemora.
Já para Dyla de Araújo Nunes, de 94 anos, o importante mesmo foi
ampliar a convivência social. “É uma maravilha! A gente encontra as
amigas, conversa bastante”. Além da terapia ocupacional e do pilates,
ela não dispensa as sessões de massagem.
Para tanta regalia, porém, os valores são altos. Um dia na casa custa
R$ 250, incluindo, por exemplo, cinco refeições e atividades físicas.
Para quem opta pelo mês inteiro, com permanência de 7h às 19h, em cinco
dias da semana, o valor ultrapassa os R$ 3 mil. Também é possível arcar
apenas com os exercícios físicos.
O imóvel de mil metros quadrados tem três andares, com quartos para
descanso, refeitório e sala para exibição de filmes. As refeições para
os idosos são balanceadas.
A expectativa é a de que a casa passe a oferecer hospedagem de longa permanência a partir de janeiro.
Índice de Condição de Vida
0,21 a 0,38 Péssimo
0,38 a 0,47 Ruim
0,47 a 0,54 Regular
0,54 a 0,62 Bom
0,62 a 0,83 Excelente
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