Não há como negar a piora da situação
macroeconômica pelos motivos amplamente conhecidos, embora o governo continue
enxugando gelo ao não apresentar fatos concretos para mudar essa realidade
dramática que começa a comprometer o nosso futuro.
Enquanto a presidente não define sua futura
equipe de governo, os números da economia marcham aceleradamente de mal para
pior e quem sofre com a situação são os brasileiros. A inflação terminará o ano
batendo o teto da meta (6,5%) mesmo com a economia em completa
baixa.
Sintoma desta fraqueza conjuntural que afeta
o País há quatro anos consecutivos é a previsão feita pelos economistas de
mercado apontando que o PIB deste ano ficará em torno de medíocre 0,2%. Isso
sem falar do rombo das contas públicas. Só em setembro o déficit foi R$ 25,5
bilhões, o pior da série histórica do BC (Banco Central).
A meta do governo era economizar R$ 99
bilhões em 2014, mas não conseguiu poupar nenhum centavo e ainda gastou R$ 15
bilhões que não tinha mesmo com a previsão de queda da
arrecadação.
Outro recorde negativo é o resultado das
transações correntes que, em outubro, bateu os US$ 8,1 bilhões. No acumulado em
12 meses, de acordo com o BC, o déficit em conta corrente ficou em 3,73% do PIB.
Mas ao que parece, os números do péssimo desempenho da economia não têm sido
suficiente para o governo sair da inércia atual.
Há muito tempo alertamos para o fracasso que
seria a atual política econômica, fragilizada pelo desprezo aos fundamentos
básicos que propiciaram a estabilidade alcançada à duras penas pela sociedade
brasileira nas últimas décadas.
Para relembrar, ainda nos meados da década
passada o PPS chamava atenção para a necessidade da promoção de reformas
estruturantes – tributária, trabalhista, previdenciária – para recuperar o
potencial da economia e o que se viu desde então foram medidas pontuais a
determinadores setores, sem visão de conjunto, que só douraram a pílula e
mascararam a crise.
Avançamos muito pouco na infraestrutura, não
promovemos a reforma do sistema tributário, a redução dos gastos públicos ficou
só na retórica e não fomos capazes de aumentar a produtividade e a
competitividade. Como os desafios se acumulam, o governo terá de começar a
desatar rapidamente os próprios nós que deu na economia.
Para o País voltar a deslanchar, vamos
precisar de visão estratégica no planejamento das ações macroeconômicas com uma
agenda microeconômica volta ao incentivo da produtividade da indústria –
unificação do PIS e do Cofins, política de renovação de máquinas e
equipamentos, simplificação das operações de exportação e importação, estímulo
ao setor de reciclagem e regulamentação trabalhista.
A manutenção da estabilidade precisa ser a
pedra de toque para a garantia do desenvolvimento econômico e social. O governo
tem de agir para criar um ambiente de confiança necessária para os investimentos
e não desperdiçar as vantagens comparativas conquistadas como, por exemplo, com
o etanol e as demais energias renováveis.
Não podemos retroagir no que diz respeito a
chamada economia de baixo carbono, ao contrário, temos que avançar na
sustentabilidade equilibrando avanço tecnológico, preservação e novos processos
produtivos.
Na área social o desafio que se impõe é a
implementação de programas sociais verdadeiramente emancipadores, não mais da
dependência que rende dividendos eleitorais ao governante de plantão, mas
aqueles que indicam uma porta de saída para o fim da dependência da ajuda
financeira concedida sem nenhuma contrapartida.
É com essa expectativa que aguardo o anuncio
oficial da equipe ministerial do novo mandato da presidente Dilma. Os nomes
ventilados até aqui – Joaquim Levy para a Fazenda, Nelson Barbosa no
Planejamento e Armando Monteiro para o Ministério do Desenvolvimento – indicam
um bom rumo para os ajustes que se fazem necessários na
economia.
De minha parte, espero e torço para que os
indicados possam efetivamente dar conta do recado e arrumar a casa, o que
significa adotar medidas para o País reencontrar o caminho do crescimento com
mais parcerias público privadas, concessões, combate efetivo a inflação e
controle mais rigoroso dos gastos públicos.
ARNALDO JARDIM / DEPUTADO FEDERAL PPS - SP
Site
oficial: www.arnaldojardim.com.br
Twitter:
@ArnaldoJardim
Facebook: Deputado Arnaldo Jardim
27/11/2014
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quinta-feira, 27 de novembro de 2014
Ajuste necessário
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