MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Sindicatos pretendem cobrar ações da Anvisa.

Servidores do AC temem contato com senegaleses por receio de ebola

'Risco é real', diz servidor da Receita Federal, em Rio Branco.

Caio Fulgêncio Do G1 AC
Servidores federais no Acre estão com receio no atendimento de imigrantes (Foto: Caio Fulgêncio/G1)Servidores federais no Acre estão com receio no atendimento de imigrantes (Foto: Caio Fulgêncio/G1)
Após a confirmação do primeiro caso de ebola no Senegal, no dia 29 de agosto, os servidores de diversos órgãos federais que atuam diretamente no atendimento de imigrantes no Acre, reconhecem o temor em relação a uma possível contaminação. Para Sérgio Amaral, do Sindicato dos Fiscais da Receita Federal (Sindfisco), a preocupação é grande, uma vez que não existe aparato suficiente, sobretudo nas fronteiras, para garantir a mínima redução de riscos.
"Todos estão preocupados com a possibilidade de contaminação, o risco é real. Ainda não é um medo insustentável, uma coisa absurda, mas é pautado numa série de estudos. A gente sabe que o governo federal não dá condições para um controle efetivo desse risco na fronteira", afirma.
Amaral acrescenta que não existem protocolos específicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que versem sobre o trabalho nas fronteiras. "Não existe aparato institucional suficiente para garantir o mínimo de redução de riscos. Nem existem protocolos específicos para esses casos. O posicionamento dos órgãos de saúde é de combater e não na prevenção, que ainda é muito ineficaz. Os servidores que atendem estão muitos expostos, porque o contato é bem próximo", acrescenta.
Ao G1, a Anvisa informou que não há previsão para enviar equipes ao Acre e disse que os atendimentos aos casos suspeitos devem ser realizados dentros dos protocolos de assistência. De acordo com a Anvisa, nenhum caso suspeito da doença foi notificado no estado.
"A Anvisa não enviou equipes para o Acre, não há esta previsão. Na verdade, o atendimento a casos suspeitos deverá ser feito dentro dos protocolos da assistência, sendo responsabilidade do Ministério da Saúde qualquer caso confirmado. A Anvisa não faz atendimento de saúde, apenas monitoramos e acionamos a rede quando necessário", disse por e-mail ao G1.
Em visita ao abrigo no Acre, ministra pediu que imigrantes procurem embaixadas brasileiras (Foto: Yuri Marcel/G1)Durante visita de ministra ao Acre, governo reforçou
pedido por equipe do MS (Foto: Yuri Marcel/G1)
O sindicalista diz ainda que o Sindifisco e outros sindicatos devem se reunir nos próximos dias para elaborar um documento único com o intuito de cobrar junto ao governo federal providências que minimizem os riscos e criem condições para que o serviço continue sendo feito.
"Não existe nenhuma estrutura para acomodação quando os imigrantes ingressam no país, para se fazer uma verificação básica, se há algum sintoma ou algum diagnóstico imediato. Eles estão vindo direto para Rio Branco, ou seja, entraram no território nacional por 300 km e têm contato com várias pessoa", diz.
De acordo com Valdemar Bandeira, do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Senait), as fronteiras precisam de um apoio do governo. Ele afirma que se perdeu o controle na entrada de imigrantes.
"Nosso sindicato está preocupado com a situação e vamos cobrar das autoridades competentes esses encaminhamentos que devem ser feitos. A nossa fronteira está desguarnecida, estamos tendo um descontrole na entrada dos imigrantes", afirma Bandeira.
 
Em nome do Sindicato dos Servidores Públicos Federais (Sindsep), Pedro Nazareno reforça que a situação de alerta não se restringe apenas aos funcionários, mas a toda a população. "Já foi dado o sinal de alerta e a preocupação não é só com servidores, mas com toda a população. O perigo do ebola entrando no país é muito grande", fala.
Na manhã de segunda-feira (1), a emissão de carteiras de trabalho esteve suspensa durante algumas horas. De acordo com o superintendente regional do Ministério do Trabalho e Emprego, Manoel Neto, tudo foi um mal entendido. Ele diz que, apesar do temor dos servidores, o serviço vai continuar até comunicado oficial de órgãos da saúde.
"Foi uma atitude precipitada, porque se há uma ameaça, precisa ter comprovação médica. Se houver parecer da Anvisa, nós vamos parar, mas também não podemos ser precipitados, cair num clima de terror e parar o atendimento", diz Neto.
Na última sexta-feira, 29 de agosto, durante visita da ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Ideli Salvatti, no abrigo de imigrantes em Rio Branco, o governo do Acre reforçou o pedido por uma equipe do Ministério da Saúde que possa atuar na fronteira com o Peru para controlar a entrada de senegaleses. O secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão, afirma que essa equipe está sendo aguardada. Atualmente, segundo ele, existem pouco mais de 20 senegaleses no abrigo e nenhum apresenta sintoma.
"É um problema de alta complexidade e só o governo federal pode tomar as providências necessárias. Ele precisa mandar uma equipe especializada para fazer o monitoramento do ingresso dos senegaleses. Esperamos que, ainda essa semana, a equipe esteja aqui no Acre", afirma.

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