Marina trabalhou como doméstica na casa de Terezinha Lopes, no Acre.
'Venceu os próprios medos', diz fonoaudióloga que teve Marina como babá.
Dona Terezinha ao lado da neta Giselle e do bisneto (Foto: Veriana Ribeiro/ G1)
Foi na casa de dona Terezinha da Rocha Lopes, de 81 anos, que, em 1975,
a candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, morou e
trabalhou como doméstica e babá da fonoaudióloga Giselle Moraes, neta de
Terezinha, logo que deixou o Seringal Bagaço, na BR-364, a 35 km de Rio
Branco. Em uma casa coberta de palha, Marina aprendeu a ler, a escrever
e também a cozinhar e lavar roupa. A ex-patroa relembra que o maior
sonho de Marina era ser freira e diz que ela chegou a estudar em um
colégio religioso."Ela forrava um pedacinho de madeira, cobria com folhas brancas de caderno, arrumava os santinhos e usava pires para acender as velas. Toda noite, ela e minha filha passavam horas rezando. Marina sonhava em ser freira e também induziu a minha filha, que dividia o mesmo sonho, mas nenhuma das duas se tornou. Ela pediu ajuda a Deus com tanta força e devoção que está aí e vai virar nossa presidente", acredita Terezinha.
Marina chegou à família por meio de uma filha já falecida de dona Terezinha, que ficou sabendo de sua história. "Minha filha conheceu Marina e ao saber de sua história, trouxe ela para casa. Eu já tinha oito filhos, mas onde comem oito, comem mais", conta animada.
Marina era tímida e não falava muito. Entre uma tarefa e outra, a ex-ministra também cuidava da fonoaudióloga Giselle Moraes, de 42 anos, que tinha poucos meses de vida. "Minha mãe morava no interior e ela ficava comigo. Não me lembro porque eu tinha meses de vida, mas sempre que ela nos encontra faz questão de falar com todos", diz a fonoaudióloga.
A candidata dividia o quarto com a filha de Terezinha. A dona de casa conta que as duas eram muito amigas e que ela era a única pessoa com quem Marina conseguia conversar abertamente, por conta da timidez. A filha de dona Terezinha morreu há cinco anos. "Minha filha ensinava caligrafia e meu marido as operações matemáticas. Ela passava o dia em casa e à noite estudava no Mobral [Movimento Brasileiro de Alfabetização]", relembra.
A fonoaudióloga acredita que Marina teve que lutar contra ela mesma para chegar até onde chegou. "Ela venceu os próprios medos, hoje é uma comunicadora, e pensar que anos atrás ela nem conseguia se expressar direito", pontua.
Quanto às eleições, a torcida da família é clara. "Eu e meu marido, que também já faleceu, sempre votamos nela. Mesmo como senadora, ela nunca esqueceu a gente. Nas eleições de 2010, ela veio aqui e pediu um tempo para ficar conosco. Meu marido, que ainda era vivo, ficou muito feliz. Ele sempre teve orgulho da nossa casa ter sido a primeira da Marina", destaca.
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