MEDIÇÃO DE TERRA

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quinta-feira, 4 de setembro de 2014

"Marina se tornou um ídolo da população urbana", diz sociólogo


Especialistas comentam liderança da candidata em São Paulo

O estado de São Paulo, maior economia do país, é governado desde 1983 pelo PSDB. O único intervalo dentro desse período em que o partido tucano não governou foi quando Geraldo Alckmin renunciou, em 2006, e o estado foi governado por oito meses pelo seu vice, Cláudio Lembo, do PFL.
São Paulo, inclusive, não costuma eleger políticos com postura popular e inovadora. Inclusive, durante a ditadura militar, famílias paulistas fizeram manifestações pedindo a manutenção do regime militar, na conhecida Marcha da Família. Nesse período, entre 1979 e 1982, o estado foi governado por Paulo Maluf, na época, do partido Arena. Nesta quarta-feira (3), durante carreata de campanha pela zona leste de São Paulo, ele disse que se sente “até envaidecido” por ter tido seu nome citado por uma organização internacional como "Sr. Propina", ícone de político corrupto.
Nos quadros políticos de São Paulo também figuram Orestes Quércia, Antônio Fleury Filho, entre outros que não se alinham com uma política popular. São Paulo - berço da poderosa Fiesp - está muito mais em sintonia com grandes empresas e indústrias.
Contudo, o fato é que o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, não desfruta da preferência da população nestas eleições. Segundo pesquisa do Ibope, em São Paulo, Marina Silva lidera a preferência do eleitor (39%), seguida de Dilma (23%) e, só então, Aécio (17%).
Para o Francisco Teixeira, cientista político da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), "o trabalhismo nunca teve maioria em São Paulo". Ele explica que "a primeira coisa é que esse estado ainda se comporta de forma paroquial. Agora existe um não paulista na disputa eleitoral, mas ele não convenceu o eleitor". Sobre a relação do estado com o PSDB, o cientista político analisa que, apesar de demonstrar afinidade com o partido tucano, o eleitor paulista "não transfere isso para a Presidência da República".
Com Marina liderando as pesquisas no estado, Francisco acredita que a candidata representa uma nova alternativa e conquista "um eleitorado de classe média e juventude, que estão insatisfeitos com a forma de fazer política. Não é uma questão de partido, é a Marina em si". O cientista político avalia que Marina abstraiu votos "brancos e de candidatos nanicos" para crescer nas pesquisas.
Marina Silva e Beto Albuquerque
Marina Silva e Beto Albuquerque
O sociólogo da UFRJ, Paulo Bahia, disse não estar surpreso com o resultado da pesquisa do Ibope. "Desde o início, quando a Marina surgiu como candidata, eu venho dizendo que o voto conquistado por ela é urbano. Ela não veio da zona urbana, mas se tornou um ídolo da população urbana. Na outra eleição, ela teve votação expressiva em estados urbanos, inclusive em São Paulo, que é o estado mais urbano do Brasil", analisa.
Para ele, "ao mesmo tempo que Dilma não estava sendo bem votada em São Paulo, Aécio estava preocupado e Eduardo Campos também não tinha popularidade. O Aécio não conseguiu sustentar a posição de líder. Estava tudo polarizado e em 20 dias as coisas mudaram". O sociólogo diz ainda que "o PSDB tem força para o governo do estado de São Paulo. São lógicas diferentes para eleições a nível de estado e a nível de país. São Paulo não está diferente da lógica nacional, em que Marina é maioria também. Não dá para misturar. O mesmo eleitor que está votando no Alckmin, está votando na Marina".
O cientista político Marcus Ianoni, da Universidade Federal Fluminense (UFF), analisa: "São Paulo é principal economia do país, o principal empresariado. O Aécio estava na frente da Dilma antes da Marina vir como candidata. Isso acontece porque Aécio e Marina representam a oposição". Por isso, para ele, "é coerente o que o eleitorado de São Paulo está fazendo". 

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