Em Santa Inês, uma criança morreu eletrocutada.
Segundo especialista, prática é uma ‘armadilha mortal’.
Na maioria dos casos, as cercas ficam ligadas na rede de energia elétrica, para evitar a invasão de intrusos nas propriedades. “O pessoal começava a entrar pra tirar as coisas. Os bichos daqui, também, como porco, boi... Eles entram e bagunçam a roça”, explicou Elilvan Araújo, dono de um dos sítios na região.
O dono de uma fazenda foi ainda mais longe, fez cerca de arame farpado ao redor das pastagens e ligou na energia elétrica sem alerta pelo perigo. “Todo mundo faz por causa do problema de ladrão. A gente é obrigado a fazer”, afirmou João Graciliano Mendonça.
O medo da violência cresceu tanto na região que saiu dos limites das fazendas. Ficou perigoso navegar e pescar nos rios, nos lagos e em cerradas do pantanal maranhense. A maioria das cercas elétricas é feita sem nenhum critério e é preciso atenção redobrada para notar o perigo escondido no campo. “Você dá de peito com arame elétrico, aí você pega um baque. Às vezes até não morre, mas você pega um baque muito grande”, disse João Muniz, lavrador.
Morte de criança
No início do ano, Alian dos Santos, de 11 anos, morreu após sofrer uma descarga ao encostar em uma cerca eletrificada de forma clandestina por seu vizinho. No momento do acidente, ele estava ajudando a mãe a recolher roupas no varal.
Em um outro caso, o pescador Raimundo Eulálio Pereira não viu o emaranhado de gambiarras e sofreu a descarga elétrica dentro d’gua, mas escapou. “Tomou o meu fôlego. Senti assim uma coisa. O choque foi bem aqui”, afirmou o pescador, apontando para a altura do peito.
Um especialista no setor de segurança elétrica alerta para o perigo das cercas clandestinas: “É uma armadilha. Provoca um choque mortal. Quem encostar ali corre o risco de morrer. Então, é uma situação extremamente arriscada e o conselho é que não seja feita de forma alguma”, disse Francisco Ferreira, executivo de segurança da Companhia Energética do Maranhão (Cemar).
Mesmo quem já escapou da morte por causa de choque elétrico, vive de forma traumatizada. “Qualquer cerca que olho já fico nervoso, com medo de tomar choque de novo. Tem pessoas que fazem as ligações nas próprias cercas de arame farpado. Aí em qualquer uma cerca, fico com medo de tomar choque de novo”, disse o lavrador Francisco Borges.
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