MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 23 de julho de 2013

Pesquisadores do ES divulgam documento de apoio a protestos


Eles pedem que o governo abra negociações com os movimentos sociais.
Governador informou que manifestantes estavam fechados ao diálogo.

Mariana Perim Do G1 ES

Professores e pesquisadores do Espírito Santo divulgaram, nesta segunda-feira (22), um manifesto de apoio aos protestos realizados durante o último mês na Grande Vitória e solicitando que o governo do estado “abra o diálogo com os movimentos sociais e garanta que a liberdade de pensamento seja um valor a ser promovido e não uma ação a ser monitorada”. O texto, publicado junto com um abaixo-assinado, traz uma análise dos atos realizados desde o dia 17 de junho na capital capixaba. Para o governador Renato Casagrande, os manifestantes estavam fechados ao diálogo.
No documento, os professores criticam, por exemplo, a falta de um mediador durante o ato da última sexta-feira (19), quando mais de 60 pessoas foram presas. “No Palácio [Anchieta], não havia ninguém para receber as reivindicações. Como representantes do governo só o Batalhão de Missões Especiais, que passou a atuar com o uso de violência absolutamente desmedida, intensificando as reações por parte da manifestação, invertendo por completo sua função de preservar a vida das pessoas e tratando moradores e manifestantes indiscriminadamente como criminosos”, diz o texto. Os autores consideram que as detenções foram “realizadas de forma arbitrária e ilegal, com acusações sem provas de sua materialidade e autoria”.
Ainda no manifesto, os docentes ressaltam que as ações contra o patrimônio público e privado devem ser avaliadas sob um contexto social. “Para nós, professores, é inconcebível clamar por pacifismo e reclamar das ações contra o patrimônio público e privado em um contexto social, como o que encontramos no Espírito Santo, marcado pelos mais altos índices de violência contra a mulher e contra a juventude, além de um dos maiores níveis de homicídios do país. O Estado deve buscar compreender que essas ações não ocorrem sem sentido, de forma aleatória. Expressam a existência de um pensamento crítico e inconformado com um contexto de violência permanente contra as próprias pessoas”.
Para o professor da Universidade Federal do Espírito Santo e coordenador do Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic), Fábio Malini, o governo deve apresentar ações concretas. “Neste momento, o valor republicano mais importante está na garantia de que as 150 mil pessoas já mobilizadas nas ruas sejam ouvidas pelo governo. Há uma pauta ampla e bem concreta a se responder. O diálogo é fundamental. Mas não adianta apenas ouvir se o governo também não trouxer para a mesa de negociação ações concretas de ampliação da cidadania no Espírito Santo. Essa é a raiz, por enquanto, de tantos conflitos, embates e trapalhadas governamentais. Até agora, só há a polícia na mediação social”, disse ao G1.
Ainda de acordo com Malini, os setores policiais não devem ser apontados como únicos responsáveis pelos últimos acontecimentos. “É injusto atribuir a culpa dessa crise apenas aos setores policiais. Falta a política. E conflitos localizados - de vidros quebrados - não podem desviar o foco: novos direitos estão sendo reivindicados. É uma política nova, desejosa de mais democracia direta. Se há "compra de depredações", tal como haveria "compra de votos" em eleições, ambas devem ser tratadas do mesmo jeito: amplo direito de defesa a quem é acusado. Estamos numa democracia. E nela, o que prevalece é a justiça, e não a força”, concluiu.
Manifestação em frente à sede do governo do Espírito Santo (Foto: Mariana Perim/ G1)Manifestação em frente à sede do governo do Espírito Santo (Foto: Mariana Perim/ G1)

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