MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 23 de julho de 2013

Paralisação teve adesão de 4 mil médicos em Goiás, diz conselho


Profissionais suspendem consultas e cirurgias por 24h, nesta terça (23).
Categoria e estudantes fizeram passeata no Setor Leste Universitário.

Gabriela Lima Do G1 GO

O Conselho Regional de Medicina em Goiás (Cremego) estima que cerca de 4 mil médicos aderiram à paralisação nacional da categoria, nesta terça-feira (23), em todo o estado. Durante 24 horas, os profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) suspenderam consultas e cirurgias eletivas. Apenas os serviços de urgência e emergência estão mantidos.
Médicos e estudantes fizeram uma passeata nesta manhã, no Setor Leste Universitário, em Goiânia, pedindo a criação de uma carreira de estado para a categoria e a rejeição da medida provisória 621. Com a paralisação, no início da tarde os Centros de Atendimento Integral à Saúde (Cais) de Goiânia estavam praticamente vazios, uma cena rara na capital.
No Cais do Jardim Novo Mundo, o maior da região leste da cidade, houve procura por consultas pela manhã. Segundo a auxiliar da direção da unidade, Sônia Maria Vitorino, todos passaram por uma triagem e os casos de maior gravidade receberam atendimento.
"As consultas ambulatoriais serão remanejadas pela Central de Regulação de Serviços de Saúde, que nos passará as novas datas e nós avisaremos os pacientes", informou Sônia.
Pela manhã, pacientes foram surpreendidos com a falta de atendimento no Hospital das Clínicas de Goiânia. A costureira Mirelle Oliveira Souza, de 30 anos, saiu da cidade de Itaguaru, a 125 quilômetros da capital, por volta das 6h. Ela traz o filho de 12 anos, duas vezes por semana, para fazer um tratamento contra o vitiligo e reclamou de ter não sido avisada do protesto. "É certo procurar os direitos deles. É melhoria para a gente. Mas eles deveriam ter nos avisado", reclamou a costureira.
Paralisação teve adesão de 4 mil médicos em Goiás - personagem em Goiânia (Foto: Gabriela Lima/G1)Mirelle saiu com o filho de Itaguaru e perdeu
viagem (Foto: Gabriela Lima/G1)
O diretor geral do Hospital das Clínicas, José Garcia, acredita que dos 1.200 pacientes com atendimento previsto para esta terça-feira, apenas 300 pessoas foram informadas da paralisação. Segundo Garcia, 70% dos pacientes são do interior e muita gente mora em lugar onde não pega celular. Por isso, conforme o médico, os atendentes não conseguiram informar a todos.
No Hospital Araújo Jorge, referência em atendimento a pacientes diagnosticados com câncer, 40% dos médicos deixaram de trabalhar, segundo a assessoria de imprensa. Consultas e cirurgias eletivas, de menor gravidade, foram suspensas. Como grande parte dos pacientes havia sido avisada, não houve tumulto na unidade. Tratamentos de quimioterapia e radioterapia não pararam, assim como as cirurgias de casos graves.

No início da tarde, a Secretaria Estadual de Saúde divulgou um balanço parcial, no qual informa que seis dos dez hospitais administrados pelo governo do estado foram afetados pela paralisação. Nos outros quatro, os atendimentos seguem normalmente.
Protesto
Pela manhã, médicos e estudantes fizeram um protesto no Setor Leste Universitário. Os manifestantes se reuniram na porta do Hospital das Clínicas (HC), em um ato contra a medida provisória 621, que estabelece o programa do governo federal "Mais Médicos".
Paralisação teve adesão de 4 mil médicos em Goiás - HC (Foto: Gabriela Lima/G1)Médicos e estudantes se reuniram em frente ao Hospital das Clínicas (Foto: Gabriela Lima/G1)
Em entrevista coletiva, em frente ao HC, o presidente do Cremego, Salomão Rodrigues Filho, disse que o governo federal quer colocar "na conta do médico" o problema da saúde no país. Questionou pontos da medida, como a falta de segurança trabalhista. "Não temos planos de carreira e agora a medida provisória oferece uma bolsa, sem contrato, sem férias, sem 13º, sem nenhum direito trabalhista", reclamou.

Salomão Filho diz que o conselho não é contra a vinda de médicos estrangeiros, desde que eles passem por exames de revalidação dos diplomas. "Nós não queremos nenhum prejuízo à população. A classe médica, com esse ato, está protegendo a sociedade brasileira", argumentou.
Com tambores e faixa, o grupo saiu em passeata pelas ruas do Setor Leste Universitário, passou pela Praça Universitária, pelas faculdades de medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG) e Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), pelo Hospital Araújo Jorge e retornaram para a porta do HC, onde o protesto terminou.
Paralisação teve adesão de 4 mil médicos em Goiás - passeata (Foto: Gabriela Lima/G1)Grupo saiu em passeata pelas ruas do Setor Leste Universitário (Foto: Gabriela Lima/G1)
Estudante do 9º período do curso de medicina, Gilberto Borges, 24 anos, questionou, em entrevista ao G1, os dois anos adicionais de prestação de serviço no SUS instituído pela medida provisória. "Nós já trabalhamos no SUS ao longo do curso. Mas muitas vezes a gente não pode fazer o melhor para o nosso paciente. Não pode pedir o melhor exame porque o SUS não autoriza, não pode receitar o melhor medicamento porque o SUS não fornece. O que falta é infraestrutura e mais verba", relatou.
O médico do Programa de Saúde de Família (PSF) Tiago Lima Belforge, de 32 anos, pedia medidas concretas e uma carreira de estado: "A gente precisa transformar o SUS". Os manifestantes avisaram que nos próximos dias 30 e 31 haverá outra paralisação.
  •  
Paralisação teve adesão de 4 mil médicos em Goiás - personagens (Foto: Gabriela Lima/G1)Estudante Gilberto Borges e médico Tiago Belforge participam de protesto (Foto: Gabriela Lima/G1)

Nenhum comentário:

Postar um comentário