Profissionais de ao menos 12 estados e do DF paralisaram atividades.
Segundo federação, casos de urgência e emergência serão atendidos.
A greve é para marcar posição da categoria contra decisões do governo federal, como a contratação de profissionais estrangeiros pelo programa Mais Médicos e os vetos à legislação do Ato Médico, que estabelece as atribuições dos profissionais de medicina. A expectativa é de que nesta quarta (31) ocorram protestos em outros quatro estados. Em nota, o governo disse que "lamenta" eventuais prejuízos causados à população.
Apesar da greve, a Federação Nacional dos Médicos (Fenam), que representa 53 sindicatos, informou que orientou para que casos de urgência e emergência sejam atendidos. Os clientes de planos de saúde também serão afetados pela greve. É segunda vez, em um intervalo de uma semana, que a categoria cruza os braços em protesto contra decisões do governo federal.
Veja abaixo a situação nos estados.
Maranhão
Os médicos fizeram manifestação na Praça Gonçalves Dias, em São Luís, contra os vetos da presidente Dilma Rousseff à lei do Ato Médico e contra a contratação de médicos estrangeiros pelo governo federal, prevista no programa Mais Médicos.
Espírito Santo
Profissionais das redes pública e privada pararam na manhã esta terça. De acordo com o Sindicato dos Médicos do estado (Simes), a decisão foi tomada com objetivo de lutar por melhorias na categoria e também por direitos de estudantes de medicina.
Goiás
Além de suspender os atendimentos nas redes pública e privada, médicos de Goiás promoveram uma passeata que reuniu cerca de 500 profissionais e estudantes, segundo relatos da Fenam. Os manifestantes, informou a entidade, se concentraram na sede do Conselho Regional de Medicina e depois saíram em caminhada até o prédio da superintendência goiana da Fundação Nacional da Saúde (Funasa). Para informar a população sobre os motivos da greve, os médicos ergueram faixas e distribuíram panfletos ao longo do caminho com explicações sobre as reivindicações da categoria. Segundo o Conselho Regional de Medicina, a paralisação foi "expressiva".
Dezenas de médicos e estudantes de medicina realizaram um abraço simbólico no entorno do Hospital Geral de Fortaleza (HGF). Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos do estado (Simec) , José Maria Pontes, o ato foi realizado em apoio ao movimento nacional contra o Programa Mais Médicos e os vetos à lei do Ato Médico. No interior do estado, cerca de 50 médicos e estudantes de medicina de Juazeiro do Norte realizaram um protesto na contra o programa Mais Médicos.
Amazonas
Em Manaus, dezenas de médicos protestaram em frente ao Hospital 28 de Agosto, Zona Centro-Sul da cidade. A previsão é de que os manifestantes continuem o protesto por ruas da cidade. Consultas previstas para serem realizadas nesta terça estão sendo remarcadas pelas secretarias de saúde do estado e do município.
Paraná
Pelo menos 50% dos médicos aderiram à paralisação, de acordo com o Sindicato dos Médicos no Estado do Paraná (Simepar). Centenas de médicos se reuniram na Praça Rui Barbosa, no Centro de Curitiba, por volta das 11h, e seguiram para a Boca Maldita, também no Centro, para protestar. Durante a tarde, eles vão se dividir em grupos para percorrer praças e hospitais da cidade. Em Cascavel, profissionais e estudantes fizeram um ato público.
Rio Grande do Sul
No Rio Grande do Sul também houve remarcação de consultas. As urgências e emergências das unidades de saúde recebem pacientes, mas consultas agendadas para esta terça e para a quarta estão sendo remarcadas. De acordo com o Sindicato Médico do RS (Simers), algumas instituições comunicaram a população sobre a mobilização, e a orientação é evitar a procura por médicos.
Médicos protestam no centro de Curitiba (PR)
(Foto: Rodolfo Buhrer/Fotoarena/Estadão Conteúdo)
Minas Gerais(Foto: Rodolfo Buhrer/Fotoarena/Estadão Conteúdo)
Em Governador Valadares, no leste do Minas Gerais, os médicos também aderiram à paralisação e vão atender apenas aos casos de urgência e emergência. Na cidade de Timóteo, no Vale do Aço mineiro, os médicos estão trabalhando com a escala mínima em todas as unidades de saúde. Na região de Montes Claros, norte do estado, médicos e estudantes de medicina também aderiram à paralisação nacional. Em Uberaba e Uberlândia médicos paralisaram as atividades ambulatoriais e consultas eletivas
Rondônia
Em Porto Velho, cerca de 200 médicos pararam os atendimentos em apoio à greve nacional, segundo o Sindicato dos Médicos de Rondônia (Simero). A paralisação irá durar 48h e apenas atendimentos de urgência e emergência estão sendo realizados nos hospistais da capital.
Distrito Federal
Médicos interromperam parcialmente atendimentos não emergenciais a pacientes das redes pública e privada de saúde. O sindicato dos médicos informou que nos hospitais de Base, Regional da Asa Norte e no Regional de Ceilândia a adesão é de cerca de 70% da categoria, e em Taguatinga, de 50%. A Secretaria de Saúde informou que não tinha avaliação da adesão dos médicos da rede pública. O sindicato não soube estimar quantos médicos da rede privada paralisaram as atividades.
Sergipe
Médicos se reuniram com deputados federais em Aracaju. O encontro ocorreu na sede dos Sindicatos dos Médicos em mais um dia de paralisação, que será repedido nesta quarta-feira (31), com a realização de assembleia.
Rio de Janeiro
Médicos, estudantes e residentes fazem manifestação que começou na tarde desta terça-feira no Hemorio e seguem até a Prefeitura, na Cidade Nova, no Centro.
Acre
O Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC) visitou unidades de saúde do estado para protestar contra o Mais Médicos. De acordo com o presidente do sindicato, José Ribamar, durante as visitas o sindicato irá tentar 'alertar' os médicos e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) sobre o programa.
Médicos realizam protesto no Rio (Foto: Reynaldo Vasconcelos/Futura Press/ Estadão COnteúdo)
Outros estadosEm São Paulo, nesta terça, a previsão é de paralisação somente dos médicos residentes. Na quarta, os demais também devem aderir ao movimento.
Como cada entidade estadual tem autonomia para decidir sobre a duração da greve, os sindicatos de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Tocantins optaram por participar da mobilização da Fenam somente na quarta-feira.
A primeira paralisação dos médicos, no dia 23 de julho, contou com a adesão de ao menos 16 estados, informou a Fenam.
As paralisações fazem parte do calendário de greve estabelecido pela Fenam para registrar o descontentamento da categoria com as medidas adotas pelo Executivo federal sem o consentimento dos médicos. Conforme a entidade, “caso não haja avanços no movimento”, os sindicatos médicos poderão decretar greve por tempo indeterminado a partir de 10 de agosto, dia em que está agendada a última atividade das paralisações relâmpago.
No dia 8 de agosto está programada uma marcha de profissionais da medicina em Brasília. Na ocasião, será realizada uma audiência pública sobre o Mais Médicos no Congresso Nacional.
Batalha judicial
A crise entre as entidades médicas e o governo federal acabou nos tribunais. Inconformados com as medidas adotadas pelo Executivo para tentar suprir a carência de médicos em regiões pobres, a Fenam, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Médica Brasileira (AMB) ingressaram com diferentes ações judiciais para tentar suspender o programa Mais Médicos.
Na última sexta (26), o presidente em exercício do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, negou pedido da AMB para suspender a medida provisória que criou o Mais Médicos. Segundo o magistrado, não cabe ao Supremo definir se a MP atendeu às exigências de relevância e urgência, como reclamavam as associações.
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